Desabafos de uma jornalista, aspirante a atriz, shiatsuterapeuta e professora de yoga...

sábado, maio 28, 2005

Viva! Viva! Viva a sociedade alternativa!

Estou lendo "Naquele Tempo em Arembepe", que não chega a ser um documento histórico mas mostra como os hippies foram parar no litoral norte da Bahia e continuam até hoje lá, meio parados no tempo, achando a maior novidade do mundo quando contei que já existe conversão do carro para gás sem ser com bujão de cozinha, que é proibido. Cheguei dizendo que tinha vontade de ficar lá, pena que me faltam talentos manuais para viver do artesanato. Minha herança genética da minha mãe, que toma uns três banhos por dia, se manifestou ali: é preciso não tomar banho, escovar os dentes e lavar a cabeça para protestar contra o sistema capitalista e mercenário? Ironias, deboches e exageros típicos da Françaine deixados de lado, o livro também mostra o quanto quem viveu nos anos 60 tinha opção de escolha: ser hippie, entrar para a luta armada, fazer parte do desbunde do amor livre sem paralelos hoje em dia. Tirando o fato de que sou "fresca" demais para a primeira opção e pragmática demais para a segunda (que me perdõe minha adorável sonhadora "primutcha" que ainda acha que temos que pegar em armas e bancar os cabra cega contemporâneos VEJAM ESSE FILME NACIONAL, O FINAL É DE CHORAR NO BOM SENTIDO)... Bom Cá, desculpa mas acho que um Che Guevara e uma Sierra Maestra só acontecem uma vez a cada sei lá quantos séculos. Nesse ponto só acredito em revolução cultural: se houvessem mais voluntários em comunidades carentes. ensinando dança, música, teatro, artes plásticas, fotografia, vídeo, grafite e afins, haveria menos aspirantes a traficantes nessas regiões pq a maior parte da molecada encontraria um sentido na vida que os impedisse de se arriscar a entrar para o crime e provavelmente morrer antes dos 15 anos. Enfim, acredito que hoje em dia deveria ter ao menos algum resquício dos partidários do desbunde do amor livre. Parece que andamos para trás nesse sentido. Minha amiga Estela que está vivendo na Espanha mostrou que não é em todo país que pensam que somos assanhadas carnavalescas. Ao contrário, lá para aquelas bandas acham que somos caretas demais pq vacilamos muito em ir para a cama no primeiro encontro e no que vão pensar se baixarmos a guarda logo de cara. Em muitos lugares da Europa, fica-se junto logo na primeira vez e geralmente passa-se muito tempo junto depois, a menos que a química realmente não combine. Moderno não? Testar logo de cara se o que interessa funciona ou partir para outra. Conheço quem defenda e pratique isso por aqui e receba os piores adjetivos. Bom, até quem defende mas não pratica já é rotulada da pior forma... Imagine quantas chances você já perdeu de ir a fundo no auge da paixão inicial por conta do que os outros vão pensar. E quando partiu para os finalmentes o que interessa já havia se tornado meio morno... E por essas terras tupiniquins, retrocedemos meeeesmo. Ainda há quem ache o máximo se vangloriar de "suas" mulheres de um homem só por toda a vida, como se isso fosse uma escolha e não um acaso do destino que tem muito senso do humor negro, outros que desdenham o que não conseguiram comprar ou reclamam que perdem o T quando sentem que o objeto do desejo é flácido... Ô meu Pai! Onde vamos parar? Para a maior parte deles ainda somos apenas um "buraquinho quentinho e aconchegante"?! Ainda sou daquelas românticas, sonhadoras e idealistas que se choca quando percebe que não evoluimos espiritual e amorosamente o mínimo suportável! Digo em causa própria pq é claro que ainda tenho muito a aprimorar em mim! A vida é lerda demais para as melhorias espirituais, amorosas e profissionais ou eu que sou speed além da conta? E meu comparsa no crime de ainda teimar em viver juntos acha uma piada quando digo que não entendo quem diz que quer ir embora para o interior pq se sair dessa megalópole quero log0 ir para o meio dos índios ou viver numa ecovila, em que todos plantam, todos colhem, trabalham comunitariamente e têm tempo para a família, amigos, esportes e práticas espirituais. Uma vida mais ligada à terra. Sempre digo que conheço quem passe a vida inteira muito bem sem esporte, voluntariado e espiritualidade, mas quem se mete a fazer test drive dos três ou de um deles, se por um acaso não consegue continuar depois, sente uma falta desgraçada do bem que eles fazem. Sei que sentiria falta do cinema, teatro, amigos e família nesses lugares tão despojados que citei há pouco. Mas ainda tenho fé de evoluir ao ponto de quem sabe na próxima encarnação, voltar à vida alternativa...

1 Comments:

Blogger Carol Mendonça said...

Fran ...
1-Sou sua fã de carteirinha, desde aquelas primeiras publicações " Como seriam nossas vidas casadas ao lado dos New Kids", lembra?
2-Me empresta: "Naquele Tempo em Arembepe"
3-Vc n entende nada do que eu digo ... ahaha, em relação a luta anti-capitalista. N sou exatamente assim como descreveu, rs.

8:09 PM

 

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