Desabafos de uma jornalista, aspirante a atriz, shiatsuterapeuta e professora de yoga...

terça-feira, novembro 21, 2006

Fran sensível X Fran general

Desde o retiro com o pessoal do Osho, quando me pediram para prestar atenção ao lado masculino - tagarela, ativo, que quer entender e classificar tudo e no feminino - contemplativo, tranqüilo, que quer sentir e não racionalizar, acho que este último tem vindo à tona com mais freqüência. No penúltimo feriado fui doar sangue - pô, faz mais de um ano que não faço trabalho voluntário semanal como antes e só doei duas vezes, apesar de sempre pegarem a veia fácil e a bolsa encher rápido. Pela primeira vez o sangue coagulou, entupiu a bolsa e a mulher do Pró Sangue teve que interromper a doação. Perguntei se queriam pegar o outro braço, mas como já tinham pego 64 ml, só podem retirar 450 ml de mulheres, passariam do máximo que meu sexo frágil pode doar. Achei que parar a doação dói mais que doar quase meio litro. Não entendi ao certo qual a razão, mas a dor certamente não foi: só sei que comecei a chorar. Puta vexame! Perguntei se havia algo de errado - ignorância biológica, diga-se de passagem - mas não, disseram que minha coagulação é muito boa. Lembrei da última operação do olho, quando tomei remédio para cicatrizar mais devagar. Mas ainda continuei com dificuldade de parar de chorar. No dia seguinte, quando voltava da acupuntura, um carro ficou devagar quase parando na minha frente e o caminhoneiro soltou aquela buzina de acordar qualquer um na estrada atrás de mim - fiz aquele gesto bonito da janela, mas quando parei no farol ele ficou me xingando e perguntando se queria tomar umas - porradas, imagino. Fiquei olhando minhas agulhinhas sem responder ou olhar, sem saber se estava no caminhão ou na minha janela, pensando: "vai fia, quem é que se considera tão calma no trânsito e critica o colega que quase tomou um tiro e é caminhoneiro ignorante? Aprendeu ou vai precisar de outro susto?" Pouco depois cheguei em casa com vontade de chorar, quase abri o bocão, mas desta vez segurei insconcientemente. Ainda é um estranhamento quando o feminino toma o poder, pois ele é um banana e meu pai me fez ser general a vida inteira - me mandava parar de chorar quando caía e arrancava dente de leite mole com alicate, mas como dizem as irmãs dele, é um cavalo de coração bom. Será que um dia acostumo? Em tempo: quinta a general foi racional o suficiente para por fim a uma historinha que me fazia bem, mas era uma canoa triplamente furada que me levaria pro fundo do poço em breve, com tudo, absolutamente tudo pra dar errado. Preferi investir na amizade que está se tornando algo mais, com afinidades espirituais e culturais. O que terminei é uma graça, mas conteúdo que apetece mais que aparência. É ou não é pé no chão demais para uma mulherzinha? Para contrariar meus planos, sábado fui atropleada por um colega que jurava que era gay e reafirmei meu encantamento por outro que aparentemente não caiu nas minhas graças. Decididamente estou fazendo a reforma agrária do meu coração - sempre parece caber mais um, mas neste caso não sei se meu lado banana ou general mandam mais...