Aborrescência, ainda que tardia...
Depois que vi Fred E Elsa Um Amor de Paixão, aparentemente um filminho água com açúcar inofensivo, aprendi duas coisas: nunca é tarde para se fazer o que se quer e nenhum sonho, por mais absurdo que pareça aos olhos de quem está de fora, é tão tolo que não mereça ser realizado. Sem querer querendo tenho levado ao pé da letra estas pequenas lições de cineminha tarde da noite com amiga cheia de altos e baixos como eu. Não, eu não tive aborrescência e resolvi viver meus reprimidos anos teen aos 28 anos. Continuo achando que sempre é tempo de matar vontades que estão te matando, mas devo confessar que às vezes, parece sim que passei do ponto de certas curtições... Recebi uma colega baiana em Sampa há poucos meses e ela, no auge dos seus menos 20, está agitando não só para que eu vá ao Carnaval de Salvador, mas ainda por cima leve quem quiser. Amigas desculpem, mas além de ser uma pessoa que só passou a engolir esta data festiva na fase adulta pois não há como não se apaixonar na marra por uma comemoração que nos deixa em casa 4 dias e meio, até eu que amo andar me canso quando vejo o roteiro daqueles trios elétricos. Não sou do tipo que passa mal quando ouve axé, nem da categoria que compra este tipo de CD para ouvir nas horas vagas. As músicas deste ritmo que nos tratam como um buraquinho quentinho e úmido me irritam, mas as do tipo romântica não. Porém desconfio que 4 dias e meio ouvindo um ritmo que não seja louca de paixão será uma overdose. E não me anima a idéia de gastar mó grana só por causa da alta temporada numa cidade que já conheci e de beijar tudo e todos como se o mundo fosse acabar amanhã e ficar junto fosse entrar em extinção. É, tem me atraído mais a idéia de fazer outro retiro com o pessoal da meditação do Osho nesta época... Ando muito mais qualidade e menos quantidade, se é que me entendem, menos é mais quase sempre... Assim como acho que passei do ponto para Porto Seguro: pelo que me contam, beber e beijar até passar mal ou nem lembrar mais o nome da última boca, eu peço que me incluam fora dessa. E há outros micos, tantos... Tentar se engraçar com um fófis no carro mas não conseguir por ficar encanada com assaltos e perigos correlatos... No terceiro dia promissor para balada ficar com o saco na lua da possibilidade de chegar em casa fedendo a cigarro e preferir programinhas light na casa dos amigos para desanuviar a energia trash de casa noturna... Depois de uma maratona de 20 km durante 8 horas na chuva passar de louca que não teme nada a bundona que tem receio de tudo... Lá pela terceira ou quarta loucurinha que adiciono no meu parco repertório de histórias para divertir os amigos ter tédio existencial do atacadão sentimental do mercado... Pescar feio e perigosamente no volante quando tento repetir a façanha dos 15, 16, 17 anos de sair, chegar tarde, dormir pouco e levantar cedo para pegar no batente... Sentir-se mal depois de enfiar o pé na jaca e meter goela abaixo aquelas besteirinhas irresistíveis que estavam "chamando" você, seja lá de onde for... Perceber a duras penas que não adianta mais só fazer exercício, também é preciso controlar o que se come para se chegar onde quer fisicamente... Ainda considero que o mais importante é que a cabeça não envelheça, pois há tantos jovens com mentalidade de velho e vice-versa, mas que me sinto meio peixe fora d´água, destoando de certas "micos desejados" em que me meto, é vero, fazer o que?
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