Desabafos de uma jornalista, aspirante a atriz, shiatsuterapeuta e professora de yoga...

sexta-feira, outubro 27, 2006

A Mulher Retiro

Há coisa de dois sábados atrás percebi que estou com as amigas certas na vibe errada: sou uma pessoa tão facilmente adaptável que quando percebo estou fazendo programas nada a ver comigo só por gostar das companhias. Mas decididamente não sou uma mulher da noite: tenho sono, odeio cigarro, enjôo fácil daquela energia pesada de casa noturna sem muita consciência disso. Cismei que tinha que fazer mais meditações, vivências e retiros, que esta sim é a minha praia, junto com programinhas culturais tipo peças, filmes e oficinas. Entre as tantas opções zen que recebo todo dia, lembrei na quarta retrasada que uma de meditação do Osho tinha me tocado - um pouco pelas imagens, outro pelas palavras usadas (tomar banho de mar/ se afogar em amor/beijar o momento passageiro/comer juntos/ ver as coisas como elas são/bater papo/ rir e chorar/se sentir um/tomar risco/encontrar respostas/ fazer amigos/ entender e aceitar/ se aventurar/dormir e relaxar/ meditar/entrar em silêncio), mas principalmente por ter amado os dois livros que li dele, seus textos na internet e pela possibilidade de conhecer o litoral norte. Fui atrás, mas como não consegui alta dos programas Pau nos Custos e Grana Zero, pedi empréstimo pra madrinha, tentei promover um descontão no saldão doméstico dos móveis e lembranças que estou fazendo lá em casa, mas... Até os 45 minutos do segundo tempo nada! Dois dias antes meu pai tentou discutir comigo por telefone. No dia de ir para lá acordei com a sensação de que tinha que arrumar a mala pois arrumaria $ e carona. Meu pai não só pediu desculpas como emprestou a verba. Um duplo milagre, pois ele não faz isto e condena os preços destas coisas que amo... Ainda ganhei uma carona de uma jornalista do Rio com a qual conversei 3 horas ininterruptas na viagem. A Roma e o Mukto que deram este grupo viveram e trabalharam nas comunidades do Osho. Deve ser o mais libertário que já encontrei em termos de espiritualidade - deve ser por isso que um dos fófis recentes diz que ele institucionalizou a putaria. Mas basicamente recomenda que recuperemos nossa capacidade de se encantar como as crianças, que sintamos mais e racionalizemos menos. Eu diria que ele decretou felicidade acima de tudo. A meditação envolve dança, pulo, por os bichos pra fora, chorar, gritar, se chacoalhar tanto que quando entramos na contemplação clássica não tem como a mente fugir pois ou está cansada ou muito feliz, fica presente na marra. Caminhamos, tomamos banho de mar, fizemos trilha para a cachoeira, tudo prestando atenção aos lados direito/masculino e esquerdo/ feminino. Já tinha entendido racionalmente que meu sargentão masculino não deixa o feminino sensível chorar, desde que na infância meu pai me mandava guardar as lágrimas quando caía. Lá foi sentir isso e deixar a mulherzinha ser mais tranquila, quieta, contemplativa, caseira, dona-de-casa, amorosa, carinhosa... O grupo do círculo que medita às terças na Vila Madalena é muito especial, receptivo, amoroso. Um dar e receber cafuné e abraço incrível. Repeti a dose em Sampa e acho que pela primeira vez senti a tal energia de que tanto falam conscientemente- pois quem é tagarela tem dificuldade com as coisas sutis da vida. Só sei que não quero parar nunca mais. Hoje devo repetir a dose noutro espaço. Embora a mente agradeça e o corpo se ressinta de ainda estar enferrujado apesar das yogas, pilates e caminhadas, recomendo. O que mais me impressionou foi o acupunturista ontem confirmar o que senti: tenho uma descompensação muscular do lado esquerdo e até meu pulmão direito respira melhor! Mas por outro lado, como percebeu a Roma, tenho um lado tão sensível que a cada pessoa que me mostra o quanto a maioria não segura a onda dos seus discursos, a cada promessa que não se cumpre no amor e trabalho, fico down. Mas não quero parar nunca mais, pois desconfio que meu caminho é mais espiritualista e menos religioso. Diria que a Padma Dretchen, nome que ganhei no budismo, quer um sanias, espécie de batismo do Osho.