Branca de alma multicultural
Não sou a típica brasileira estereótipo: nas duas únicas vezes em que saí do Brasil me pediram para sambar, jogar futebol e provavelmente devem ter estranhado a falta de buzanfa, que nascer sem retaguarda de parar o trânsito aqui é um pecado capital. Só fui para fora até a Disney - uma, com passagens ganhas em festa de fim de ano na empresa e a outra, trabalhando. Quando puder escolher certamente não visitarei este país, que já impõe sua cultura suficiente - praticamente não há o que se descobrir por lá. Mas enfim, descendo do palanque que este não é o propósito deste post, sempre me senti meio alienígena por não ter samba no pé, molejo, não ser gostosa de parar o trânsito, enfim. Mas neste finde dei vazão aquilo que chamam branca com alma negra. Imagino que tenha um pé na cozinha, embora os negros da família tenham vindo por casamentos e não oficialmente - com esta boca que em risadas quase engule os brincos e um cabelo domado à base do bendito ativador de cachos Paul Mitchel, não posso negar as origens. Como sempre quero chorar ouvindo ou vendo qualquer coisa relacionada à umbanda e candomblé, além de sentir batuque afro dentro do peito - sinal claro de reconhecer sua origem negra, de acordo com minha prima historiadora que está dando aula lá da terra dos escravos - algo forte me liga ao maior continente do planeta. No domingo fui ver um concerto de música africana no Museu da Casa Brasileira, não resisti e ensaei dançar naquele jardim lindo. E segunda fiz uma oficina de dança afro brasileira - amei mas não reparei que durava quase duas horas e minhas pernas ainda se ressentem disso. Nos finalmentes parecia que estava até sambando - justo eu com tanto gingado quanto uma caneta Bic! Tudo para entrar no clima do dia da Consciência Negra? O prof tem razão: há raízes fortes dentro de nós que raramente deixamos vir à tona. Aproveitando a deixa, além de achar uma pena não ter tido aula sob o ponto de vista negro, também queria saber o que acharam os índios do descobrimento e a invasão do Brasil, mas catzo! A história é sempre contada pelos vencedores, uma lástima!
2 Comments:
Como já cantava o Karnak:
"Branquinho, neguinho...branco, negão..."
Diferente de você, eu tenho um pé comprovado na floresta: minha bisa era índia. Igual a você, me recinto de que a história seja contada pelos vitoriosos. Quem sabe, hoje em dia, eu saberia muito mais sobre a bisa e seus ancestrais.
Beijocas
5:28 PM
Eu vejo os clichês como algo muito forte em todas as culturas. As massas (e aí eu me incluo) não conhecem as peculiaridades das culturas.
Gostei muito do seu blog e do seu texto. Parabéns.
9:00 PM
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