Desabafos de uma jornalista, aspirante a atriz, shiatsuterapeuta e professora de yoga...

terça-feira, novembro 21, 2006

Branca de alma multicultural

Não sou a típica brasileira estereótipo: nas duas únicas vezes em que saí do Brasil me pediram para sambar, jogar futebol e provavelmente devem ter estranhado a falta de buzanfa, que nascer sem retaguarda de parar o trânsito aqui é um pecado capital. Só fui para fora até a Disney - uma, com passagens ganhas em festa de fim de ano na empresa e a outra, trabalhando. Quando puder escolher certamente não visitarei este país, que já impõe sua cultura suficiente - praticamente não há o que se descobrir por lá. Mas enfim, descendo do palanque que este não é o propósito deste post, sempre me senti meio alienígena por não ter samba no pé, molejo, não ser gostosa de parar o trânsito, enfim. Mas neste finde dei vazão aquilo que chamam branca com alma negra. Imagino que tenha um pé na cozinha, embora os negros da família tenham vindo por casamentos e não oficialmente - com esta boca que em risadas quase engule os brincos e um cabelo domado à base do bendito ativador de cachos Paul Mitchel, não posso negar as origens. Como sempre quero chorar ouvindo ou vendo qualquer coisa relacionada à umbanda e candomblé, além de sentir batuque afro dentro do peito - sinal claro de reconhecer sua origem negra, de acordo com minha prima historiadora que está dando aula lá da terra dos escravos - algo forte me liga ao maior continente do planeta. No domingo fui ver um concerto de música africana no Museu da Casa Brasileira, não resisti e ensaei dançar naquele jardim lindo. E segunda fiz uma oficina de dança afro brasileira - amei mas não reparei que durava quase duas horas e minhas pernas ainda se ressentem disso. Nos finalmentes parecia que estava até sambando - justo eu com tanto gingado quanto uma caneta Bic! Tudo para entrar no clima do dia da Consciência Negra? O prof tem razão: há raízes fortes dentro de nós que raramente deixamos vir à tona. Aproveitando a deixa, além de achar uma pena não ter tido aula sob o ponto de vista negro, também queria saber o que acharam os índios do descobrimento e a invasão do Brasil, mas catzo! A história é sempre contada pelos vencedores, uma lástima!

2 Comments:

Blogger menina said...

Como já cantava o Karnak:

"Branquinho, neguinho...branco, negão..."

Diferente de você, eu tenho um pé comprovado na floresta: minha bisa era índia. Igual a você, me recinto de que a história seja contada pelos vitoriosos. Quem sabe, hoje em dia, eu saberia muito mais sobre a bisa e seus ancestrais.

Beijocas

5:28 PM

 
Blogger Fernando Macedo said...

Eu vejo os clichês como algo muito forte em todas as culturas. As massas (e aí eu me incluo) não conhecem as peculiaridades das culturas.

Gostei muito do seu blog e do seu texto. Parabéns.

9:00 PM

 

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