Desabafos de uma jornalista, aspirante a atriz, shiatsuterapeuta e professora de yoga...

sábado, dezembro 16, 2006

Fechada pra balanço?

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre à margem de nós mesmos." Fernando Pessoa
Não podia ter me dado presente maior no fim do ano que o grupo Tantra Caminho do Coração. É um reaprender a se conectar com o sensitivo, o sensorial e o feminino - meio deixado de lado para que mostrássemos nosso valor no mercado de trabalho, sob pena de perder a familiaridade com o intuitivo tão natural em nós. Foi a primeira vez em que voltei sem palavras e ao contrário dos outros, sem ver a hora de por tudo no papel. É que todas as denifições e conceitos são poucos para dar a amplitude de como é transformador. Voltar é se perguntar como todos continuam dormindo, é comprovar que o sentido da vida passa pelo caminho espiritual, de auto conhecimento e também por tudo pra fora pela cultura. E cada um chega às suas próprias conclusões do que é essencial para não perder de vista o quando a vinda é maravilhosa, com letras maiúsculas e separação de silabas. Por mais que se descreva, as palavras são tão poucas. Dizer que foram feitos exercícios de relaxamento, afetividade, descontração, massagem e respiração não dá idéia de como a energia com a qual entramos em contato é ampla, divertida, apaziguadora, especial, reconfortante e inebriante. O nome não podia ser mais apropriado: é fazer as pazes com o sentir, com o que aquele órgão dentro do peito pede e não ouvimos. Como guardamos sentimentos inconscientemente! Graças aos terapeutas adotei o lema "Seja o que for, deixa sair/ você já guardou demais/ isso te faz mal". Quanta amorosidade! Ô saudade boa!
Voltei num estado de encantamento, de querer sentir, por para fora, amar, perdoar, ter compaixão, paciência, tolerância... Dava a impressão de que nada levaria embora este bom humor - mas que nada, a conjutivite confirmada e os sete dias de "claustro" na marra me deixaram arrasada. Nada de confraternização de fim de ano, dançar, meditar, ver os amigos, trocar massagem, fazer yoga, pilates, meditar... Não posso beijar ou abraçar que este catzo passa! E como é que tem gente que diz: que legal, você ficará de repouso! Não são férias que você curte feliz e contente! Concordo com aquele diretor de cinema e teatro alemão Fassbinder "quando morrer, descanso". Mas o consolo é aplicar o que a antiga prof de yoga recomendava: "entrou em contato com uma emoção, aceita que ela se esvai. Se negar, toma proporções maiores do que merece". Momento de emputecer e não me venha pedir calma, que no momento não é possível!
Mudando de pato pra ganso, nunca tinha bebemorado tanto meu niver: quatro dias seguidos! Uma delícia! Como dia uma amiga que faz ainda ter orgulho do ser humano [+ sobre lea no fim deste post]: "hoje eu só tenho a agradecer" pois comemoramos aniversário também pelos que não gostam de ficar mais velhos. Concordo com meu finado avõ, uma das pessoas mais animadas que já conheci: "se não quiser morrer tem que envelhecer". Depois de tanta farra, fechei para balanço. Como era de se esperar no primeiro niver livre, leve e solta, o quórum foi muito menor, mas ao menos quem compareceu é ponta firma mesmo e pela primeira vez ganhei meia dúzia de presentes que estes sim, têm tudo a ver comigo. Uma solidãozinha e angústia me espreitaram lá pelo quinto dia de bebemorações. Acho que me aborreci por ter gasto $ e a parentada ter furado, ter acreditado que os primos chamariam os tios e ainda não ter aprendido que quase ninguém cumpre o que diz. Percebi que preciso atingir o meio termo entre não grudar demais na família ea ponto de dar choque e nem afastar demais e esfriar de vez pois na hora do "vamo ver" são eles que estão lá firmes e fortes. Daí a gente aceita a emoção não muito agradável e ela se esvai! Não dura nem meio dia! É porreta a técnica de acolher o que não queremos sentir, evapora feito fantasma de filme de terror de quinta.
Quero terminar registrando o quanto admiro duas amigas mais que guerreiras, que merecem aquele slogan "sou brasileiro e não desisto nunca": uma delas está na Amazônia, fazendo um trabalho voluntário de comunicação comunitária com a ONG Saúde e Alegria. Vendo as fotos no http://chuchuzinha.blogspot.com/ até dá vontade de fazer as malas e me dar um período sabático. Ok, quando ela conta da adaptação aos bichos e insetos este desejo passa (rs). Não, ela não é rica, nem conta com paitrocínio: seus bens se limitam a um colchão e uma mala de roupas e trabalha apenas para fazer sua reserva e viajar na seqüência. Provavelmente será como ela prevê: aos 40, 50 terá as melhores histórias nas reuniões de amigos, mas provavelmente nenhum carro, nenhum apê. Admirável! Como se não bastasse esta atitude extraordinária é boa fotógrafa, prof de yoga, jornalista, amiga, budista, coração de ouro...
Outra brazuca que dá gosto é minha ex estagiária, que está se formando e - pasmem - não vai para nenhum programa bam bam bã de trainee. Conseguiu aprovação para seu projeto de revitalização de cortiços no litoral e está batalhando para conseguir com uma rifa de cesta natalina os restantes R$ 800 que lhe faltam para por a massa rumo a um mundo melhor. Caso posso ajudar esta empreitada com a bagatela quantia de R$5, visite: http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=701280589567839436, ligeiramente desatualizado, mas com uma ode à mudança no perfil que vale a navegação. Fuerza siempre!
Dei o registro do quanto acho as duas incríveis por nunca deixar de acreditar que de notícias boas também se faz o mundo. Em tempo: estudarei em 2007 para dar aula de yoga, depois de ouvir de dois ex chefes que sou zen demais pra comunicação e não deve ser à toa que ambos recomendaram esta prática de auto conhecimento e a massagem. Com este último só consegui permutas: mas o que pode ser mais delicioso que fazer alguém dormir com o toque das mãos? Ainda me encanto com o jornalismo e suas possibilidades em comunicação interna, terceiro setor, políticas públicas... Mas só ele não dá conta da minha ânsia de sorver a vida em grandes goles. Ainda tenho sim, a pretensão de abraçar o mundo...

3 Comments:

Blogger Carline :) said...

Será que eu te contrato para garibar o meu marketing pessoal? :)

Obrigada por tão generosas palavras, querida. Somos TODAS guerreiras em nossas descobertas diárias do cotidiano, mesmo em São Paulo. Tenho certeza que terás um belo encontro consigo mesma fazendo o Simplesmente Yoga, em 2007. Namastê, chuchuzinha! Feliz Natal ho ho ho

3:11 PM

 
Blogger Carline :) said...

Olha que lindo que eu encontrei no dharmanet.com.br...

"Se tivermos riquezas materiais, podemos apreciar a possibilidade que isso nos dá de ajudar os outros. Se não formos ricos, podemos apreciar a simplicidade e liberdade dessa circunstância. Sempre podemos contemplar e apreciar o que temos" ;)

9:08 PM

 
Blogger menina said...

Querida Fran!
A comunicação como possibilidade de transformação social é o que ainda me mantém viva nesse habitat. Mas anseio ventos novos, como você. Só preciso descobri-los...rs
Beijão!

1:28 PM

 

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