Desabafos de uma jornalista, aspirante a atriz, shiatsuterapeuta e professora de yoga...

quinta-feira, junho 09, 2005

Caminhada da Paz do Heliópolis

Depois de anos sem conseguir comparecer, sempre trancafiada em trabalhos que jamais entenderiam como é importante participar ativamente na comunidade em que vivemos, finalmente estive na sétima caminhada pela paz no Heliópolis. Foi ótimo! Adoro muvuca! Reencontrei colegas e amigos feitos em anos como voluntária de incentivo de leitura no Amigos da Escola, apoio moral e de divulgação do projeto de TV comunitária Cidade do Sol e dando palestras e aulas de redação voluntária no Educafro numa escola municipal em que sinto em casa. Não sei como não choveu com a Record fazendo matéria sem ser pinga-sangue. Até tentei conferir na telinha depois, mas não consegui. será que derrubaram? Muito pouco sensacionalista para o estilo dele... Eu adoraria ser uma profissional da comunicação muito mais ativa com as novidades daqui, mas ao que parece o Helipa é tão rico em pautas que nada mais supérfluo que uma jornalista por aqui. Dizem as lendas urbanas que foi preciso pedir autorização aos traficantes para fazer o link onde a TV escolheu. Qual a razão de conhecermos os nomes dos chefões do tráfico do Rio e nem desconfiarmos quais são em Sampa? Vai ver os paulistanos não tem assessorias de imprensa... Bacana ver tudo que é escola e ONG local unida na mesma criação da cultura de paz! Andei muito! Fazia tempo que não entrava na favela. Tem uns antigos barracos que estão uma graça, por causa de um projeto de revitalização da Suvinil e Ruy Otake. Uma carinha de Vila Madalena! Eu sei, estou forçando mas se pintarmos a maior parte dos barracos em cores quentes e vivas, mudaremos a cara disso aqui! Por favor empresa de tintas e arquiteto famoso continuem! Por falar nesse badalado bairro da zona oeste onde moram os jornalistas que não podendo, foi inaugurado o mosaico da paz em formato de sol e com azulejos pintados por todos nós. Ainda não procurei o meu, mas sei que depois da queima no forno as cores mudam. Se bem que coloquei meu nome... Ficou uma graça! Quanta sede que dá uma hora e quarenta minutos de caminhada! Grazzie a Dio minhas alunas me salvaram. Uns assumidíssimos lá do miolo da favela me fizeram descobrir que deve haver umas três categorias de gays: os que parecem homens, os que querem ser mais femininos que nós sem mudar completamente a aparência e os que mudam totalmente a aparência. A categoria intermediária costuma render ótimos estilistas pois são os mais fashion da paróquia. Por falar nela, descobri que o sucessor do padre Benno, que ficou na região por 50 anos, é novo, uma graça. Dá até vontade de ir à missa! Já passou, já passou! Irônico que a caminhada da paz tenha passado por centros comunitários de igrejas evangélicas em que as crianças nos acenavam presas lá dentro. Acho que esse trabalhão que dura 4 meses surtiu efeito quando vi o pessoal não se estressar com motorista grosso reclamando do trânsito que causamos: "somos da paz". Que a gente se mantenha assim. Dei minha bandeirinha e girassol para os menininhos que me pediram no caminho. Ficou o broche de sol/girassol. Admiro tanto o trabalho da professora de educação artística que dá aulas e tem um grupo de teatro! Teria sido mais feliz se estivesse numa profissão mais humana e menos business? Se fosse atriz? Desenhista?