Desabafos de uma jornalista, aspirante a atriz, shiatsuterapeuta e professora de yoga...

sexta-feira, junho 03, 2005

Ser filha única é meu carma

Sei que essa ladainha é recorrente mas ser filha única é um dos meus carmas. O outro é ser jornalista mesmo, mas daí fui eu que escolhi, agora agüenta! Pensando bem, meu coração disse que seria isso ou mais nada pois Deus não me deu talentos suficientes para escolher o mais rentativo. E os outros eram ser desenhista ou atriz. Definitivamente desta encarnação não saio rica. Mas enfim, sempre digo que ser filha única é um carma. Antigamente queria bater em quem dizia que era tudo para mim. Hoje dou risada e explico como professora de pré primário: "mas é tudo mesmo, todas as expectativas, cobranças e preocupações". É que o tal lado bom de ser a única não passou por aqui não. Nunca tive tudo o pedi ou fui mimada, sempre tive que aguardar Dia das Crianças, Natal ou aniversário e ainda negociar pois sempre teve presente que nunca coube no orçamento doméstico. Mas esseé um ponto positivo dos coroas que rezo para repetir em casa. Hoje vejo a criançada, filha única ou não, ganhar presente a cada respirada. Nós, os únicos rebentos não podemos dar errado na vida, pois não há um irmão para os pais respirarem aliviados "o Fulano desandou, mas o Beltrano, graças a Deus...". Teremos que dar um jeito de ganhar bem, pois convênio de terceira idade é uma facada e não tem irmãos para passar o chapéu na hora da conta. Meu marido não pega no meu pé. Quando está cansado ou sem grana, não freia meu pique 220 V e diz: "vai você". E eu vou quando a vontade é muita, mas minha mãe me patrulha, liga zilhares de vezes, acha um absurdo sair sem ele... Não conseguimos cortar o cordão umbilical nunca. E ainda por cima moro no prédio ao lado. Foi um meio um presente de grego do pai... Minha mãe reclama que não ligo, mas ela telefona tanto que minha vida nào produz novidades suficientes para atender sua demanda e nem sobra espaço para eu ligar de vez em quando! E as preocupações? Apesar de morar num condomínio fechado, que parece cidade do interior, quando era criança e brincava na rua, ela vinha toda hora pedir para entrar "pq estava escurecendo". Quando era aborrescente e ficava na rua ouvindo meu atual cunhado tocar violão, ela ia pedir para entrar "pq já estava ficando tarde". Nunca tive chance de mentir pq meu pai era o maior Jarbas, levava e buscava toda a turma para cima e para baixo em todos os programas. Por essas e outras admiro minha amiga que também tem esse carma, está se casando e se mudará para o outro lado do mundo, na terra dos cangurus. Quem sabe se tivésse coragem e fazer o mesmo, cortava o cordão umbilical? Mais essa: a família do meu pai que se reúne tudo que é fim de semana e feriado me tornou a pessoa mais apegada do mundo, incapaz de me mudar de cidade, que dirá de estado ou país? É, só me resta dar certo na vida. Pois na hora do aperto não terei irmão para pedir emprestado, como meu pai e sua meia dúzia de intrépida trupe. Sei que tem irmãos que brigam pela vida afora. Mas prefiro acreditar que a maioria cresce e pára de brigar, se torna companheiro na marra. Que a maioria é do bem. E que todos, assim como o mundo, ainda têm jeito...

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

QUERIDA FRANCINE:

TENHO VERDADEIRO ORGULHO DE VOCÊ!!!
SEMPRE BATALHOU PELO QUE QUIS. É ECLÉTICA, INTELIGENTE, INSACIÁVEL, E PRODUTIVA AO EXTREMO.

CONHEÇO BEM SEUS PAIS... É IMPOSSÍVEL NÃO TRATÁ-LA COMO UM BEBEZÃO CRESCIDO, PORÉM, COMPETENTE E UM SER GRANDIOSO.

ALÉM DE TUDO, AINDA TEM UM CORAÇÃO ENORME E, QUANDO QUER, DESPOJA-SE DE VALORES, CONCEITOS E MANDA VER NAS PALAVRAS!!!

MEUS SINCEROS PARABÉNS!!!

LUIZA DE MARILLAC BESSA LUNA

12:45 AM

 

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