Assaltos surreais
Quem nunca foi assaltado em Sampa que atire o primeiro adesivo da Jovem Pan: Já Fui Assaltado! Sempre me perguntei se os ladrões do trânsito se compadeciam deste protesto e partiam para o próximo carro... O primeiro foi um ladrão do tipo Rafael do antigo grupo Polegar - desses que te pedem um real lá no ABC, disse que não tinha, ele pediu um passe, perguntei se podia ser intermunicipal pq trabalhava em Santo André mas morava na capital, ele aceitou e estava tão drogado que peguei aquelas cartelas com passes para o mês todo, destaquei um, dei e fui embora. Na hora sempre fico tão calma, que os amigos brincam que os ladrões me pedem um passe e eu dou aqueles de centro espírita. Depois chorava e xingava etc e tal.
Na segunda foi um gatuno das antigas, desses que surrupiam sua carteira como antigamente e quando você vê, não há mais documentos, grana ou cartão na bolsa, mas você está no metrô e nem deu tempo de sentir medo! Devo admitir que este foi praticamente um expert, um gentleman na arte de furtar. Daí teve o ladrão educado: que me parou no Cambuci, perto da RadiOficina e disse:
- Por favor isso é um assalto! - no mesmo tom da gravação do banco "por favor digite sua senha" e pegou minha bolsa preta. Na hora pensei nos três anos de contatos e fiz um pedido de jornalista:
- Deixa eu pegar minha agenda por favor!
- Não tem laptop aqui?
- Pode conferir!
Ele me devolveu, pq apesar a bolsa caber um notebook, só tinha um agendão que sem ele, não tinha mais como trabalhar de repórter no dia seguinte.
- Por favor quero dinheiro!
Abri a carteira mas só tinham cartões de visita de entrevistados. Eu sei que devemos sempre tetr o $ do assaltante, mas juro que nesse dia passei em três bancos e em nenhum o sistema funcionou. Sei que daí ele desistiu de mim e de sua educação:
- Ai menina, vai embora, vai! - e quase dividiu o que conseguiu no dia comigo. Haha!
O outro foi daqueles pivetes com pedra na mão que me xingava na janela do meu carro na Paulista e exigia:
- Dá grana, dá!
- Espera aí, o dinheiro não está te esperando, tenho que abrir a carteira, pegar, te dar... Posso?
[foi desse em diante que virei a assaltada zen entre os colegas e familiares]
E o último foi um que pegou meu celular na Liberdade, pediu $, pra varia não tinha [ñ é de propósito não gente, mas ainda não sei se não consigo sair do programa Grana Zero ou do Pau nos Custos], era o primeiro dia de aula do técnico de shiatsu e acupuntura, mas devo confessar que vacilei, estava de janela aberta, meditando e acreditando na humanidade e pela primeira vez não chorei e nem xinguei depois, fiquei com dó dele, era um celular podre e pude comprar outro, mas o que o mané ia conseguir com aquilo? Meio baseado?
Há quem ache que fui assaltada demais. Admito que alterno ser distraída com ser cega e isso é um prato cheio para eles. Mas foram ou não surreais?
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