Desabafos de uma jornalista, aspirante a atriz, shiatsuterapeuta e professora de yoga...

segunda-feira, janeiro 02, 2006

Os que preferem Natal e os que amam Ano Novo

A família do meu pai, que por tradição mantida há cinco gerações, é primo da minha mãe, sempre comemora que não puxei o lado da minha mãe, dos primos “nervosos”, tidos como malucos antigamente. Mas no fim do ano me alterno nos estados família feliz do lado do meu pai, no Natal e flerto com o precipício da depressão no ano novo, mostrando que não nego minhas raízes “malucas”.

Ao contrário da maior parte dos adultos que conheço, amo Natal. A maior parte da família do meu pai se reúne, se diverte com amigo secreto de presentes comprados a R$ 1,99 e nesse ano demos ainda mais risadas pois fizemos aquela modalidade de roubar o presente do outro. Época de por a conversa atrasada em dia e de me refestelar com uma família tão abençoada: ninguém se envolveu com drogas, ninguém virou bandido, ninguém apanha de marido, ninguém sofreu violência traumatizante e nem foi acometido de doença traiçoeira. Ainda por cima, se ajudam nos apertos financeiros. Mas como não podíamos ser perfeitos, somos estúpidos, estourados, sinceros demais...

Já no ano novo... Sempre me bate um nervoso que me lembra que também sou feita do lado mais sensível da família. A maioria viaja e eu quase nunca consigo, pois quando não estou de plantão, estou sem grana. Gosto da cidade mais tranqüila, mas sinto falta dos amigos e familiares que não estão próximos. O budismo tem razão, somos tão contraditórios que a única vez que consegui ir para o litoral paulista, quis voltar no dia seguinte, pois amo praia e viagem, mas odeio fila e trânsito de alta temporada.

Fico meio assim pois o único fim de ano tudo de bom que tive, de 2000 para 2001, viajando entre Fortaleza e Praia da Pipa, com a ex-namorada do meu cunhado, foi tão único que nunca mais se repetiu e meu marido não pode ir junto, pois ser MICOempresário é isso mesmo, nunca poder abandonar o negócio para a casa não cair. Daí fico mais P da vida ainda pois o máximo que já conseguimos viajar juntos foram dois dias e meio na lua de mel tipo fast food. A personagem da Glória Menezes no filme Se eu Fosse Você tem razão: “quem diz que dinheiro não compra felicidade, não sabe o endereço da loja”. Ok, sou descolada e viajo em baixa temporada e em albergue da juventude, mas custava ter tido mais reveillons inesquecíveis e com menos nervoso de virada? Como é possível ter tantos amigos com casas e apês na praia e raramente conseguir molhar os pés? Confesso minha culpa no cartório: mesmo sem os plantões de antigamente, nunca paro meu teatro, trabalho voluntário, centro budista, natação, aula de circo... Tudo de fim de semana, claro...

Brinco que a virada foi família demais, pois passei com a família do meu marido e meus pais, mas digamos que a sogra & cia são menos animados que os meus vários primos e agregados. Ou, como costumo dizer, família é que nem pum, cada um só é capaz de agüentar o seu mesmo...