Desabafos de uma jornalista, aspirante a atriz, shiatsuterapeuta e professora de yoga...

quinta-feira, janeiro 05, 2006

Acho deprê...

Em homenagem ao meu amigo que acha que minha palavra favorita é deprê... No é vero! Minha palavra favorita é liberdade, mas devo admitir que acho várias coisas deprê e como amo fazer listinhas, aqui vai mais uma delas. Acho deprê ter amigos morando e oferecendo hospedagem na Austrália, Londres, Paris, Portugal, Espanha e Israel, mas não ter grana para visitá-los. Saudade, na maioria das vezes é deprê. A menos quando temos certeza de que reencontraremos os dito-cujos que fazem falta...

Acho deprê saber que posso fazer melhor, mas só conseguir fazer o que dá ou de qualquer jeito. Acho mais deprê não ter o “quifa” do que ter demais, depender dos outros para continuar o que precisa ser feito, falta de infra, de reconhecimento, de um auxílio. Acho deprê empresa tão analfabeta em comunicação que não há mídia training que resolva, tem que ir para a facu e voltar ao negócio em 4 anos. Acho deprê repórter preguiçoso, que se nega a pesquisar ou a ler o texto que recebeu e tem tudo que precisa.

Acho deprê gostar de atividades físicas meio diferentes tipo power yoga, swim pilates ou a mesma modalidade nos aparelhos, aula de circo, body balance... E saber que vou à falência se me meter a fazer todas, pois nunca há um lugar com tudo isso e se tivesse, provavelmente não seria acessível ao meu humilde bolso proletário. Acho deprê perceber que já amei natação e tenho achado meio repetitivo ultimamente. Aliás acho deprê perceber que coisas que já me apeteceram ao ponto de ter que tomar Lexotan quando não podia continuar, não me empolgarem mais (calma, sou só exagerada, grazie a Dio nunca tomei anti depressivo).

Acho deprê fazer trabalho voluntário e perceber que quando a gente vai ajudar e os beneficiados não se ajudam, ninguém sai do lugar. Acho deprê perceber que na maioria das escolas, colégios e projetos educacionais, a educação foi encarcerada numa camisa de força burrocrática e impossibilitada de alterar algo, somente cumpre protocolos, relatórios, planejamentos... Acho deprê quando me dão esperanças e depois me deixam no vácuo.

Acho deprê confiar na arte como forma de realmente revolucionar algo mais amplamente e perceber que estou num grupo que agita, quer montar peça, mas quando surge a oportunidade, dá para trás. Aliás acho deprê a letargia da maior parte dos aborrescentes, que quer tudo, mas não vai atrás, não se esforça, se paralisa e chora as pintagas.

Acho deprê me apaixonar por algo, como as aulas de circo do meu grupo de teatro e depois não poder continuar, por falta de infra e também por novas paixões terem entrado no caminho. Acho deprê descobrir novas paixões inebriantes e não poder me dedicar somente a elas na hora em que sou arrebatada, tudo tem que ser planejado, aos poucos, devagar se vai ao longe.

Acho deprê perceber que invento milhares de coisas para aplacar minha urgência de viver, mas o cansaço que provém delas me levar direto para cama, passando batido por uma das poucas coisas que realmente traz felicidade na vida, a meditação. Acho deprê perceber que evoluímos tão devagar quase parando em tudo. Acho deprê perceber que até para evoluir espiritualmente é preciso grana! Acho deprê quando cismo que tudo na vida é leeeeento...

Acho deprê sentir vontade de ter filho, morar no meio dos índios, viver numa ecovilla, escrever livros e peças, fazer videorreportagens de projetos culturais que revolucionaram regiões carentes, conhecer o litoral do Nordeste, mas faltam $ ou tempo para tanto. Desculpe começar o dia reclamando, mas minha urgência de viver volta e meia me sufoca. E ainda não tenho nem 30 anos!

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Sabe, às vezes sinto falta de conviver com a sua urgência de viver, Fran. Estou com saudades e lembro que nem te desejei feliz aniversário, e muito menos feliz ano novo.
Se ainda der tempo, quero que esse ano seja especial. Que vocÊ tenha mais tempo e dinheiro para curtir a vida. Você é uma daquelas pessoas que, por mais longe que esteja, está sempre por perto nas lembranças boas. Feliz 2006 acelerado!!!

7:54 PM

 
Anonymous Anônimo said...

Fran, gosto do seu aspecto meio "clariciano" de ver a vida. Gosto da sua inteligência, mesmo que a faça sofrer tanto. Gosto desse seu jeito desacomodado de viver... Gosto muito das suas indagações, que ainda são as minhas... Gosto muito, muito de você, minha escritora, jornalista, um tudo de bom.

Com amor, Luiza de Marillac Bessa Luna

2:32 PM

 

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