Desabafos de uma jornalista, aspirante a atriz, shiatsuterapeuta e professora de yoga...

terça-feira, abril 11, 2006

Família, família janta junto todo dia, nunca perde essa mania!

Sempre digo que amo minha família, mas de vez em nunca e por pouco tempo que é pra não acabar em barraco... Sábado passei o dia com minha mãe – uma fofa, diga-se de passagem, mas claro que terminamos brigando. Ela não dirige, mas teima que paro muito grudado no carro da frente. Ainda tento argumentar:
- Mas e essas motos e pedestres passando na frente? Sinal de que não paro tão perto assim...
Mas é inútil, pois quem raramente põe a mão na massa sempre sabe como palpitar para fazer melhor. Fiquei tão nervosa que o motorista do carro do lado começou a brincar:
- Nossa, como ela é brava!
Depois, quando pedia para fazer minha carteirinha no Sesi para aproveitar as aulas de body balance, tive que ouvir aquele velha lenga-lenga que devia descansar mais, fazer menos coisas... Nisso concordo com o escritor/ cineasta/ diretor de teatro alemão Fassbinder: “quando morrer descansarei”.
- Não é óbvio que se precisasse descansar mais, faria isso?
Não, para ela não é obvio. Sempre dormi menos que a maioria das pessoas comuns (digo isso pois diz a lenda que o irmão da minha amiga que é negro e sempre anda de skate à noite abusando do anjo da guarda parece dormir ainda menos que eu). Minha mãe sempre conta que nunca dormi cedo, ficava até tarde na TV com meu pai e quem tentava me fazer dormir à tarde capotava e eu voltava “acesa” para sala. Por que seria diferente agora, no auge do meu gás?
Mas família não se resume a dar conselhos que não pedimos. São ótimos em previsões – melhores que as ciganas das feirinhas esotéricas que encontramos por aí. E a coisa sempre rola feito fofoca que desce em cascata, efeito dominó - passa por pelo menos três bocas e versões até chegar onde interessa. Quem está dentro da canora furada familiar há décadas já acostumou, mas claro que quem vem de fora não se adapta. E dá-lhe panos quentes...
No quesito “posso dar um pitaco” as famílias sempre competem para ver quem se supera em se meter onde não foi chamado. Uma amigona me deu razão em me manter com o pé atrás com familiares depois que se sentiu na inquisição medieval por assumir que vai morar junto e casar oficialmente só se a grana sobrar. E a parentada aceita?!
Eu confesso: às vezes também distribuo conselhos não solicitados. O mais recente foi mandar um scrap bem intencionado mas pé no chão demais para minha prima aborrescente sonhadora e receber uma mensagem que iniciaria um quebra pau verbal online. Desencanei pois ando com cada vez mais preguiça de bate boca – nunca fui para os finalmentes da briga real e também por comprovar quem tem razão quem diz que a aborrescência é um prolongamento da infância. Todos temos o direito de prorrogar a visão mais realista das coisas. Só sei que primo, tio, avô e afins deviam vir com uma advertência: “aprecie moderadamente”.