Hotel Ruanda
Quando li no Guia do Estadão que esse filme era sobre uma história real de um gerente de hotel que conseguiu salvar mais de 1200 pessoas durante o massacre dos tutsis pelos hutus, paguei para ver. Já tinha lido tanto a respeito e queria entender mais, pq é meio que missão impossível para quem não tem conflito étnico no próprio país, entender algo que parece tão distante.
Apesar da história ser deprê – mais de um milhão de tutsis foram assassinador – tem o lado bom de um hutu salvar mais de mil e duzentas pessoas no tal hotel. É uma espécie de Lista de Schindler dos trópicos.
Na verdade uma das coisas que mais me chocou foi um repórter que colocou uma fita mostrando o massacre num equipamento de edição e depois pedindo desculpas ao gerente do hotel que se chocou:
- Se eu soubesse que você estava lá, não teria colocado a fita.
- É bom você transmitir para sua TV, para o máximo de gente ver e alguém se indignar, fazer alguma coisa.
- As pessoas vão dizer “meu Deus que horror” e continuar jantando. Ainda assim acha que vale enviar a imagem?
E nós que pensávamos que mudaríamos o mundo com textos e imagem! As pessoas têm segundos de indignação e continuam suas refeições! E pensar que quando uma tia me disse que rezava para eu nunca cobrir uma guerra, pedi para suspender pq meu sonho era esse tipo de cobertura, hoje vejo o quanto somos inúteis nessas horas.
Outra cena chocante é quando vêm mais soldados da ONU e vários padres e freiras surgem com crianças africanas, achando que receberão ajuda e ouvem:
- Nenhum ruandês! Só levaremos estrangeiros!
E todos os europeus abandonam os tutsis e os hutus que os ajudam (considerados traidores), abandonados à própria sorte.
Achei importante tentar entender um pouco mais da África. É lá que começou boa parte do que somos hoje, do lado de cá do Atlântico.
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