Desabafos de uma jornalista, aspirante a atriz, shiatsuterapeuta e professora de yoga...

segunda-feira, setembro 05, 2005

Catarse teatral

Sábado finalmente entendi o que meu colega jornalista queria dizer quando, contrariando a teoria da memória emotiva do Ziembiski, dizia: "o ator não tem nada que resgatar velhas emoções para atuar, tem que acreditar naquele personagem e viver aquilo". Apesar de estar na estrada das oficinas há alguns anos, só sábado, na apresentação de uma cena que escrevi sobre uma ex guerrilheira política que falava de ditadura, repressão, luta armada, exílio e anistia, acreditei e vivi aquilo ao pé da letra. Depois que comecei a cena, não ouvi mais a música, no meio quase perdi o controle da voz de tanto que aquilo me envolveu e ao término foi tão intenso, que a cena acabou mas a emoção continuava lá, me fazendo abrir a boca como criança desmamada. E o pessoal falando que pelo clima político da coisa se lembrou do filme Olga, que conheceram um lado meu que nem imaginavam... E eu que só faço rir fora dos palcos, em comédias me saio uma lástima. Fiquei tão encantada! É uma catarse! É demais esquecer que é de mentira na platéia, mas no palco é inebriante. Dá vontade de fazer isso para sempre. E te faz acreditar mais em tudo que você faz, pq parece que o maior desafio, de "ser" outro momentaneamente com veracidade, já foi obtido. Agora só me falta controlar a emoção quando a cena acaba e acreditar em personagens com os quais não me identifico para vivê-los. Mas estou no céu com a possibilidade de trazer a emoção na hora certa e mandá-la embora na hora exata não só nos palcos, mas na vida. Será que chego lá? A emoção teatral não faz só bem, pq ontem, na aula de circo, quando tive que correr para melhorar o condicionamento, outras tantas emoções pessoais também vieram à tona e não iam mais embora, me fazendo abrir o bocão como uma autêntica descendente de Machado que não consegue evitar o nervoso tradicional de domingo...