Desabafos de uma jornalista, aspirante a atriz, shiatsuterapeuta e professora de yoga...

terça-feira, abril 11, 2006

Discussão política? Me inclua fora dessa!

É impressionante como a gente muda conforme o tempo passa! Grazie a Dio... Lembro quando o Lula ganhou, era redatora/ locutora de um portal de voz que uma grande empresa de eletro eletrônicos fazia para uma gigante de telecom (não, nem mesmo os famous who? Nos concediam entrevistas)... Na época, fui à “coletiva” do Lula. Aliás foi a última que cobri em meus altos e baixos como repórter. As aspas são justas: não podíamos fazer perguntas, somente ouviríamos o pronunciamento do primeiro presidente que veio “do povo”. Já devia ter sentido algo de podre no Reino da Dinamarca. Um RP que trabalha comigo tem razão: um presidente que se esconde, sabendo que deve satisfação à opinião pública, é de se desconfiar...

Mas não: voltei para a redação feliz e contente: como típica filha de ex metalúrgico que viu o PT nascer com a melhor das boas intenções, dizia para minha amiga companheira de veículo pequeno: “o Lula ganhou, estou trabalhando registrada, me casarei em poucos meses, o que mais posso querer?” Ela ainda tentou alertar: “calma, que as coisas não são bem assim”.

E não eram mesmo. Votamos pela mudança, pelo novo, pelo governo diferente, pela alteração do que não agüentávamos mais. E diga-se de passagem, o PT fez os petistas de carteirinha passarem mó carão nos últimos anos: “olha aí seu sonho afundando, se mostrando tão corrupto quanto os outros”. E quem diria, eu que sempre amei uma discussão política, adorava subir no palanque e fazer panfletagem, hoje saio de fininho, como faziam os alienados que tanto condenei tempos atrás.

Ainda há esperança: vereadores como a Soninha ainda nos dão gosto de votar. Mas vamos e venhamos: são a maioria? Não é o que parece, mas como jornalista sempre costumo dizer que não acredito em tudo que leio, escuto e vejo na mídia, que se parece cada vez mais engajada em provar que são todos farinha do mesmo saco ou que o PT é ainda pior que os outros. No máximo consigo ver um tratamento condescendente com baixaria semelhantes de partidos de direita, sem claro amenizar a culpa no cartório de Lula & cia, concluindo que são todos iguais, mas que os tucanos e afins sabem comprar melhor os meios de comunicação. Ainda assim, como diria uma colega: “desculpe, mas não esperávamos a mesma ética do PFL. Foi um tapa na boca dos que eram do PT desde o começo”. E pensar que sempre assinei com uma estrelinha no lugar do pingo do i e não tenho mais coragem de fazer isso, embora não haja relação consciente entre essa grafia e o partido que sempre apoiei.

Defendo que partidos, organizações não governamentais e igrejas sempre começam com uma boa intenção, mas à medida que crescem, recebem ativistas idealistas e ambiciosos além da conta, então em todos encontramos os que dão orgulho e os que dão vergonha. Nos dias mais inspirados acho que os primeiros são maioria. Em dias deprê, acho que empatam, mais pra evitar jogar a toalha e achar que temos que nos jogar da ponte pois sempre tem saída, sempre pode melhorar. Mas cada vez menos encontro bons exemplos no poder...

Desconfiei quando o PT expulsou Babá e Heloísa Helena. Depois que toda a sujeira veio à tona e que uma das pessoas mais sem senso de noção que já conheci (com um pouco mais de consciência política que uma Barbie - de plástico) se declarou a nova eleitora do "presidente mais autêntico que já tivemos", decidi dar meu voto ao Psol nas próximas eleições. Não quero discutir voto válido, radicalismo e assuntos correlatos. Já me basta ser pé no chão no trabalho, onde passarei a maior parte da minha vida. No poder, ainda me permito ser romântica, sonhadora, idealista e me tocar com frases lidas na Mostra de Economia e Cultura Solidária da Bienal/ SP: “melhor morrer de pé do que viver de joelhos”.

Um amigo repórter de Brasília, mais por dentro dos bastidores políticos que eu, conta que o PT quis manter o mesmo esquema que sustentava a base aliada de antigamente, mas sem contar que um deles se sentiria lesado na negociata e jogaria toda a merda no ventilador. Outra colega, que trabalha com os tucanos mas não é engajada, contou que esse partido achou melhor indicar o picolé de chuchu para concorrer nas urnas eletrônicas pois até para eles é interessante manter o Lula e só daqui 4 anos colocarão um candidato mais carismático. Parece que nosso voto só faz figuração. O meu não! Me incluam fora dessa!


Entre tanta baixaria, cada vez menos encontro gente como minha prima, que acredita que não é o governo mais corrupto, mas o mais investigado. Ela sim, não confia na mídia e me inspira mais confiança que os veículos prostituídos por interesses nada nobres, pois só lê sites independentes. Vá lá, acho interessante dar mais 4 anos de mandato pois um só é muito pouco para mostrar serviço. Se no segundo turno ficar entre a bosta e a merda ainda poderei estudar o caso de manter o meu voto na esquerda. No fim das contas fiquei mais radical que antes Hay que endurecer pero sin perder la ternura jamás...