Desabafos de uma jornalista, aspirante a atriz, shiatsuterapeuta e professora de yoga...

quarta-feira, julho 12, 2006

Técnico ou curso livre, heis a questão

Há quatro meses comecei o técnico de shiatsu e acupuntura no Colégio Brasileiro de Acupuntura, lá na Liberdade. Alternamos finais de semana de aulas ocidentais - essas são quase moleza, o córtex cerebral ajuda e resgato minhas antigas paixões por anatomia e genética da época do vestibular. Tudo ia bem até chegar a Cinesiologia - estudo dos movimentos. A apostila é praticamente grego. Na verdade, foi a primeira professora otimista que encontramos. Desabafei que era impossível decorar tudo aquilo, mas fui tranquilizada:
- Vamos repetir tanto tudo isso que vocês vão decorar por osmose!
Ufa! Suspiros de alívio.
Argumentei que não tínhamos condições de entender toda a teoria sem praticar, ainda mais para alguém que como eu vem da comunicação, área em que estudamos colocando a mão na massa e que não decoro e nem compreendo o que não pratico. Também ouvi um consolo e tanto:
- Essas apostilas todas vão fazer mais sentido quando vocês forem para o estágio prático no ambulatório!
Ela foi a primeira a nos fazer por um pouco a mão na massa. Amei! Nos fez testar e encontrar nos colegas de turma os ossos, acidentes ósseos, músculos, tendôes e afins. Mas confesso que tive receio de caprichar na pegada e machucar o próximo, afinal quero levanta conforto aos outros e não deixar recuerdos doloridos da prática no decorrer da semana. Também devo admitir que não, não consegui encontrar nenhuma costela e muito menos espaço entre elas logo abaixo do ombro - parece que nós mulheres só temos peito ali. Me empolguei tanto que na segunda sentia dores entre o indicador e o dedão das mãoes e olha que nem pareceu que praticamos tanto assim. Ah, mas temos os finais de semana com aulas orientais. E medicina tradicional chinesa é praticamente russo. Como assim uma pessoa guarda raiva, que tem a ver com o fígado e fica com conjutivite? E as cores, estados de espírito, estações do ano, clima, emoções, que influenciam cada doença? E o fígado controlando a menstruação? Como compreender relações não óbivas constatadas em uma época em que não havia nem cirurgia e nem microscópio?
Não sei se por estar numa fase de total mudança - de paixonite, emprego e centro budista -, questionando até o que não devia, começo a desconfiar que me encontro empacada no mesmo impasse que vivi com o teatro no ano passado: eu amo, mas precisava me dedicar mais do que a profissão que já me sustenta permite. Não posso contar com paitrocínio ou apoio financeiro de terceiros para começar do zero noutra área - e ainda que pudesse, não teria coragem, pois no fundo me sinto confortável no ponto em que me encontro no jornalismo, pagando minhas contas e fazendo as extravagâncias necessárias para manutenção do meu bem estar físico, emocional e espiritual. Estou vivendo um milagre inédito em minha trajetória: essa profissão voltou a me encantar de novo, depois de 9 anos no batente, até entediada com o que já tinha experimentado. Pasmem, me vejo fazendo isso até a aposentadoria! Por isso me pergunto: fazer um técnico de dois anos e meio, para ter uma segunda profissão que me permita fazer um pé de meia nas horas vagas e ajudar mais gente que consegui com o jornalismo, não seria usar um tiro de canhão para mantar um pardalzinho? Será que não é o caso de fazer cursos livres, como a adorável massagista vizinha da minha quase irmã de profissão, religião e paixão pela yoga que até vive disso? Tenho a sensação de que gastarei tanto tempo e $, mas não posso nem estudar quanto precisaria e nem cair na gandaia quanto gostaria. De repente o antigo fófis tem razão. Será que faço tudo ao mesmo tempo aqui e agora sem fazer nada direito? Diz meu amigo marqueteiro que as mulheres são simultâneas e os homens sequenciais, nosso profe de anatomia até explicou que biologicamente transitamos mais informações de um lado para outro do cérebro, pois nossa parte que liga um lado ao outro é maior - sou péssima para decorar os nomes dos nossos pedacinhos, confesso. Ó céus, ó vida, que faço de minhas horas vagas e dinheirinho? Estudo para ter uma segunda profissão mais significativa ou mantenho meu lado boêmio compulsivo que acaba de despertar, virando aborrescente aos quase 30?