Desabafos de uma jornalista, aspirante a atriz, shiatsuterapeuta e professora de yoga...

segunda-feira, julho 25, 2005

Fora da cultura não há salvação... nem revolução!

Há dois anos sentia uma saudade absurda do teatro. É que depois de casar e as contas tomarem o poder do meu saldo bancário, não sobra para extravagâncias além das obrigações, necessidades e sobrevivência. E com isso a vidinha vai virando um repeteco monótono... Mas grazie a Dio e com a ajuda abençoada da namorada tagarela do amigo mais zen da face da terra, o Coelho, encontrei um grupo de teatro que aceita jornalistas duros, o Espetaculosos da Companhia Extra, do Paulo Kazaks. O sábado retrasado foi só esporro e a descoberta que os problemas dos grupos de teatro são os mesmos, não importa onde e em que época: falta de dedicação, comprometimento, envolvimento... Mas nem isso me desanimou pq visitamos um casarão de sonho na Aclimação ou Liberdade e me encantei com a idéia de me apresentar num lugar não convencional e em uma peça que faz o público andar. Na semana passada perdi pela segunda vez no ano o trabalho e estava com aquela sensação de que não tinha mais o que inventar, já tinha enviado currículo para todas as associadas da Aberje, Abracom, Gife e Ethos e até para revistas atrás de freela. Além de sentir que esperar é uma penitência. Mas no sábado o teatro foi minha redenção. O Paulo trouxe metade do texto da peça, ganhei uma personagem que por enquanto está só com uma fala, mas contei p/ eles que me apesar da deprê de ñ ter $, não ter trabalho, EU TENHO O TEATRO! E saí de lá cheia de idéias de possíveis buscas e possibilidades de trabalho. Só a cultura para nos fazer enxergar para além do que somos, nossa melhor parte, capacidades e dons que não sabíamos que tínhamos. Antes do PT fazer a gente passar esse vexame, acreditava que as boas intenções de um partido podiam mudar e melhorar uma nação. Ainda acho que políticos são todos iguais, mas alguns são mais iguais que os outros. Mas a única revolução mais ampliada que me move é a cultura. Só o teatro, a dança, a música ou as artes plásticam podem por exemplo revolucionar não digo uma nação, mas uma comunidade carente. Dar um sentido a crianças e jovens que encontrarão um valor na vida e não se arriscarão a enriquecer rápido pelo crime mas morrer antes da maioridade. E no final das contas o mais líquido e certo que podemos fazer pela rua, pelo bairro, pela cidade, pelo estado e pelo país é o que espíritas chamam de reforma íntima, católicos de vivenciar o cristianismo e nós budistas de meditação. O máximo que podemos fazer pelo mundo é evoluir espiritual e pessoalmente. Além de trabalhos voluntários, lógico! A gente tem mais é que se agarrar às artes como bote salva vidas e última possibilidade de redenção nesse mundo maluco. Não por acaso, o chaveiro do meu carro é composto pelas máscaras do riso e do choro do palco.