Desabafos de uma jornalista, aspirante a atriz, shiatsuterapeuta e professora de yoga...

quinta-feira, julho 13, 2006

Filha única com Mãe Chantagista

É, eu devo ter dançado atoladinha na mesa da Santa Ceia mesmo. Mais provas de que Deus tem senso de humor negro: eu me separo e minha mãe é que vai pro psicólogo. Quando disse que voltaria pro meu antigo terapeuta, após entrevistá-lo para um freela e ele me oferecer o retorno por preço simbólico, me deixando sem alternativa (tenho preguí de análise, a bem da verdade), tive que ouvir da minha progenitora:
- É, volta mesmo, não é normal ficar forte assim!
Tenho que ouvir que não páro em casa praticamente desde minha aborrescência. Hello! Se não sossegava solteira, casada, porque me tornaria caseira separada?! Além do mais não tenho mais nada a ver com a mulher que montou essa casa - queria mudar tudo, parede, móveis, cores, apê, bairro, roupas, mas só tive $ para abastecer o guarda roupa com três peças indianas da 25 de Março. E como ter vontade de voltar para casa com a mãe ligando ou vindo aqui dizer:
- Eu vejo as coisas que fizeram juntos e não me conformo que não deu certo!
Ainda ouvi que tentei pouco - mas porra que medida é essa se o pápis acha que tentei até demais? Pior mesmo foi a fatídica pergunta quando me viu animadinha com a luz no fim do túnel amoroso que parece ter acendido novamente:
- Você acha certo?
Apesar das minhas tias me pedirem paciência, porque ela é do lado sensível até demais da família, nesse dia mandei praquele lugar, confirmando a descendência estúpida do pápis. O que é que é certo? Ficar junto e infeliz? Bem, gente essa é minha mãe: chegou a me ligar zilhares de vezes na madruga durante a balada até que ameacei vender meu apê e morar mais perto da civilização e ela sossegou um pouco, mas ainda dá seus conselhos devezemquandários às 2 ou 3 da matina via celular:
- Não bebe! Não vem tarde que a rua é um perigo! Não sai com quem você nunca viu!
Como é que pode não confiar que nem um pouco da educação que me deu pelo menos 25 anos tenha impregnado um pouco em mim? Duvido que alguém tenha uma vida mais parecida com seriado cômico do Sony que eu...
Devo confessar que no último sábado desconfiei que talvez ela tenha razão para tanta preocupação: como sempre, voltei sozinha do niver de uma amiga, cruzando a cidade quase duas da matina. O que posso fazer se minha amigas livres, leves e soltas moram lá na casa do Chapéu, tenho dó de dormir lá e deixar o Bidu, meu filho canino sozinho e a vizinha de prédio ficou de me encontrar e deu o cano? No farol da frente da Igreja de São João Clímaco - algum católico de carteirinha pode me explicar que santo é esse? Bem, duas motos estavam na minha frente. Lembrei que o antigo fófis sempre dizia que motoqueiro com gente na garupa era suspeito e milagrosamente fiquei esperta - porque no geral só me toco quando tenho que dar a grana que nunca tenho. Um deles desceu da moto e veio em minha direção. Instintivamente dei ré e ele correu. Como um caminhão empacou atrás de mim, parei, mas o farol abriu e fugi correndo de carro desse estranho que desceu da moto e correu pra perto do meu carro. Coisa boa é que não queria em plena madruga. Nessas horas acho uma judiaria ter parado a capoeira porque adoraria dar uma benção nele, mas como poderia me defender com esse corpitcho contra 3 ou 4 motoqueiros? Mas meu santo é forte, escapei e só conto isso aqui porque meus pais nunca leriam meu blog - são anti tecnologia demais para isso. Será que minha prima irmã tem razão? Abuso demais do meu anjo da guarda? Não acho que posso parar a vida por causa da violência, do PCC ou raio que o parta, o que tiver que me acontecer, vai rolar dentro ou fora de casa e ao contrário da mamma chantagista, eu rezo e confio. Talvez até demais.