Desabafos de uma jornalista, aspirante a atriz, shiatsuterapeuta e professora de yoga...

segunda-feira, outubro 31, 2005

Meu primeiro filho cênico

O fim de semana teve uma experiência engraçada: quem já é tradicionalmente conhecido por parecer ligado no 220 V e fazer mil coisas ao mesmo tempo não pode tomar energético nem a pau. Passei o sábado enchendo o nariz de sucos estimulantes. Conclusão: dormi mais de duas da manhã sábado e acordei antes das sete domingo. Na pilha. Sem sono nenhum. Ainda não sei se foi essa bebida para dar mais gás ou minha primeira inspiração inadiável dramatúrgica que me impediram de dormir. Para não perder o costume, também saí da cama pela fome. O gozado é que há meses atrás havia feito uma crônica tirando sarro das dificuldades do casamento, mas não sei mostrei ao Grupo Lendário da Companhia Extra, do qual faço parte. Pois ontem a crônica virou peça, me tirou da cama e finalmente pari meu primeiro rebento para os palcos: A Comédia da Vida Privada do Casamento ou Comédia de Humor Negro do Casório, com dez cenas. Geralmente o processo criativo é lento e doloroso, praticamente um parto de fórceps. Essa nasceu em uma hora e meia. Foi um parto normal! O que me espanta é que tudo que comecei no computador: livros, peças, poesias, nunca consegui terminar. E essa nasceu no papel, foi escrita de próprio punho, inspirada na crônica que nasceu no computador e não veio parar aqui sei lá porque. Minha primeira peça nasceu! Não vejo a hora de fazer a leitura branca (sem interpretação) com meu grupo sábado. Palcos paulistanos, me aguardem!

sexta-feira, outubro 21, 2005

Sim pela vida, sempre!

Nunca vi tanta gente que me jurava de pé junto que odiava política, se engajando nas políticas do sim e do não pelo comércio das armas. Em tempos de desilusão partidária, voltei a tomar gosto pela coisa e não por acaso subi no palanque até no MSN com o nick "Sim pela vida, sempre!"
Acho engraçado quem me diz que os bandidos ficarão mais tranqüilos sabendo que só eles terão armas. Quem é tão inocente de acreditar que quem mata, assalta, estupra ou seqüestra, tem o mesmo raciocínio de evitar o risco de gente de bem? Essas pessoas vivem correndo riscos, contam com e gostam dele. Além do mais, ter o direito de comprar um 38, não nos torna aptos a nos defender de quem contrabandeia e tem prática com bazuca e fuzil.
E quem diz que só quer se defender? Então tá, para se defender vamos nos meter no mesmo balaio dos bandidos e matar, atirar, nos igualando ao pior tipo de gente, uns contra os outros, até que acabemos como a cobra que morde o próprio rabo.
Há quem me diz que vota no não por achar que nada vai mudar. Depois a pessimista sou eu! Já que nada mudará, vamos cruzar os braços e desistir de tentar alcançar a sonhada paz. Vamos nos matar então, já que não tem jeito de ao menos tentar nos livrar da violência.
Nem quem compra arma para se defender fica com ela na mão até cruzar com um bandido. E até que esse famigerado encontro aconteça, a maledeta arma dá margem à acidentes domésticos com crianças e espaço para brigas passionais e discussões de botequim acabarem em tragédia.
Uma pergunta que sempre faço aos partidários do não: desculpe pelo trocadilho infame, mas quem tem mais bala na agulha para te convencer: a indústria armamentista ou os pacifistas?
Que reinvindicação de direito é essa de portar um objeto que pode ferir ou matar alguém até mesmo sem querer?
Com a proibição do comércio de armas, mais um motivo para prenderem os bandidos que circularem armados, ainda que não forem pegos em flagrante cometendo atos ilícitos.
Permitir que os civis se armem é lavar as mãos do governo e da polícia, aí sim, é cada um por si, Deus por todos, pois os policiais nunca conseguirão ter poder de fogo frente a traficantes que importam armas via contrabando e vocês que se virem!
Proibir as armas é nos forçar a descobrir como ser cidadãos e exigir que o poder público nos defenda, pois não temos recursos, inteligência e nem prática para manusear as armas.
Se arma fosse garantia de se defender, policiais não morriam todos os dias com seu coldre ocupado por 38 e afins.
Na hora da raiva, pessoas sem antecedentes criminais podem não só matar, como ferir gravemente colegas ou familiares a troco de banana. Eu mesma, na hora da raiva, podia não matar, mas que teria uma tentação de dar um tiro no pé de certos sacanas...
Qualquer alternativa de frear a violência e chegar à almejada paz é bem vinda e deve ser testada!

Devir

Um poema como brinde
sem o som de taças se tocando
a tudo que não vivi
e ainda assim dói sem ter acontecido
Aos beijos reprimidos por timidez
aos abraços não dados por receio
às paixões que não permiti
me fazerem perder a cabeça
até me reencontrar, nova
Ao que me dói sem ter sido
Ao que me dá saudade
sem ter me virado do avesso
Ao que me arrependo
Só do que não arrisquei
À vontade de voltar no tempo
E perder o sono, o fôlego,
o sossego, o rumo, a certeza...
Ao desejo de jogar tudo para o alto
em nome do inesperado
do não previsto,
do que fugiu ao controle
Ao pedido insano à Deus
de uma nova chance
de por pontos finais
onde só há reticências
À uma nova e derradeira oportunidade
De nunca mais perder uma ocasião
e de por em prática
a mais nova convicção
de só lamentar
o que se tentou.
Francine Mendonça