Desabafos de uma jornalista, aspirante a atriz, shiatsuterapeuta e professora de yoga...

segunda-feira, junho 19, 2006

Pedacinhos da Vida Simples

"Você é o que você mesmo enxerga no mundo, nos outros e em si mesmo" - a coluna de junho do Caco de Paula me lembra que quando apresentávamos um fubango com o nome mais surreal para minha avó ela sempre dizia "que lindo(a)! que nome bonito!". Ela é que era linda e tinha o nome lindo, só refletia o que tinha dentro dela - embora chamasse Benedita, nome que fez com que minha mãe não gostasse mais da Regina Casé, por batizar a filhota com essa alcunha um tanto quanto antiga, com cara de santa barroca...
"Cada um de nós é uma multidão" Walt Whitman - A minha inclui jornalista, aspirante a shiatsuterapeuta, fã de yoga/ pilates/ body balance, apaixonada por teatro, louca por pintura abstrata, doida por cerâmica, amante de dança afro brasileira/ latina/ black, pretensa futura tocadora de saxofone, sonhadora, rebelde, amiga, carente... E sua multidão? Se entende bem?

Senso de humor negro divino

Sempre brinco que Deus tem senso de humor negro e ouço as mais variadas reações - geralmente indignadas, até de quem não é beata convicta. Devo esclarecer que quando falo isso não é uma crítica negativa, é uma brincadeira bem humorada como acredito que o Hômi seja - divertido, igual a vidinha ué!
Algumas pistas do senso de humor negro Dele: zilhares de vezes pedimos pessoas, empregos e afins que quando realmente chegam do jeito solicitado, não eram como queríamos e queremos um requerimento de devolução e troca! Mas tenho amigas que comprovam minha teoria como uma com uma opinião garota enxaqueja da música baiana que está prestando serviços para uma empresona de lá - secretamente torcemos para que tenha que trabalhar numa micareta (rs).
Há muitas ironias do destino - como a Marcha para Jesus e a parada do orgulho gay acontecerem tão próximas na mesma avenida símbolo de Sampa, com públicos ligeiramente opostos... E o fato de Deus e o mundo que conheço ter feito jornalismo para não fazer conta e cobrir balanço de empresa na Gazeta Mercantil? Quer prova maior?
Na infãncia era louca por desenhos, criava personagens e tirinhas - na época não tinha curso de história em quadrinhos e meu pai - talvez com a melhor das intenções - me colocou num curso de desenho técnico, tive um trauma tão feito com o esquadro e a régua que nunca mais me reconciliei com esse talento encroado.
E o fato de que amo teatro, mas como atriz sou uma ótima jornalista? Quando apresentei meus esquetes tinha lá meia dúzia de fala pra mim e linhas e mais linhas de textos meus. Minha amiga tem razão - jornalistas são mesmo artistas frustrados. E o que a torcida do Timão paga pra ver - uma das jornalistas mais ansiosas que a imprensa paulista já teve notícia que se encontrou na yoga e no shiatsu? Gente, Deus tem muito, muito senso de humor negro, mas claro é uma pessoa super do bem, só que como Pai típico deve amar repetir: "você não pediu? Agora aguenta! Eu sabia! Tentei avisar!"

Anti mulherzinha típica

Devo confessar que não sou a mulherzinha típica. Eu não passo meus sábados no cabeleireiro e me irrito pq as amigas nunca podem fazer nada conosco nesse dia pq estão dando uma geral na lataria toda. Tenho uma amiga que sempre reforça: "você não será menos inteligente se for vaidosinha". Nem acho isso, mas tenho a convicção romântica e sonhadora que o que sou, internamente, devia ser mais importante que minha aparência. No país da bunda? Haha!
Tenho aflição que manuseiem meu cabelo como se estivessem lavando roupa. Lavagem e desembaraço de cabelos enrolados devia ser uma matéria a mais nos cursos técnicos e livres de cabelereiros. Requer prática e habilidade, mas nada que os faça desistir da profissão! Nunca, nunca tente desembaraçar o cabelo enrolado e crespo sem água e condicionador, a menos que a intenção seja realmente aplicar tortura chinesa.
E fazer as unhas? Sorry, acho caro, efêmero demais e propaganda enganosa. Há tempos atrás não fazia pq nadava e não dura dias com a ação do arrasador cloro. Hoje em dia não faço pq volta e meia estou roendo uma delas - já consegui reduzir a proporção de comer 10 unhas para apenas 20 a 30% delas. Mas como conviver com a ansiedade do jornalismo sem arrasá-las? Melhor comê-las que fumar ou tomar café compulsivamente. A propaganda enganosa é pq as manicures nunca, nunca vão te machucar mas sempre levam uma lasca de você como lembrança. Se a cutícula está lá, alguma função tem, já vi profissionais da área de saúde que afirmam ser uma proteção, o que custa empurrar?
Não sou ciumenta como a maioria da mulherada que conheço - acho que quando evoluímos do 1o beijo, daí em diante, somos todos dificultosos, cada um é um mundo conflitando e se chocando, se insistimos em ficar juntos é pq nos gostamos, então a traição é uma possibilidade remota, que só o ciumento não percebe que dá idéia, que estimula. Ele é praticamente o co autor do chifre. E assim como a Frida, acredito que o importante não é a fidelidade, é a lealdade - contanto que não coma amiga, colega, parente, familiar e vizinha não ficarei sabendo, então como é que vai doer? Pois é, não vai. É só fazer bem feito. Certas vontades quando não são saciadas tomam medidas desproporcionais e a maior parte delas termina quando é vivida. Então tá, só não posso ficar sabendo pq sou fofoqueira profissional e ciente da coisa só Deus sabe q reação pq cada caso é único. Certas dores não são administráveis na época em que chegam, fazer o que?
Ao contrário da maior parte das minha colegas não ajo como se cada fófis fosse o último bonde rumo à felicidade - se não der certo com esse, dará com outro, pensa meu racional, embora muitas vezes o corpitcho queria o contrário, mas daí deixo ele falando sozinho pq não sou apenas um instinto! Em compensação, parei há muito pouco tempo de agir como se cada entrevista de emprego fosse o último bonde rumo à felicidade e só então elas começaram a decolar (rs). Tendo a ser mais estúpida que carinhosa. Mais irônica, debochada e exagerada que conciliadora. Mas isso já cabe aos genes do pápis - aquele cavalo adorável do qual já falei em outro post.
Bem, estamos chegando à parte mais polêmica do meu espírito anti mulherzinha típica. Quando dizem que ser mulher é trash, sempre defendo que quem tem problemas com a TPM pode fazer tratamento e nunca ficar naqueles dias. Se tem filho doer demais se adota. Mas a pior, a mais terrível parte de ser mulher fomos nós mesmas que criamos: a depilação. Nós não encaramos os marmanjos com pelos e tudo? O mínimo que podiam fazer é retribuir à altura, mas OK, nem eu mesma me encaro com a mata atlântica preservada. E há aquelas que dizem que não dói! Já perderam totalmente o senso de noção do tato! Nunca sei o que é mais avassalador: se quando passam a cera e queima até a alma ou se quando puxam e levam até o útero junto. Toda a pele fica simplesmente roxa, como quem grita: "que judiaria"! Periodicamente tento me adaptar a isso - já que gilete dá alergia demais além da conta e creme depilatório deixa um cheiro de tintura vagabunda após o desmatamento, sem contar que não dura nada. Mas nessas horas juro que queria ser como as européias que minha vizinha filmou na Itália. Acho que minha colega da yoga tem razão, os homens brazucas são exigentes demais! Ah sim, confesso vou todo mês ao cabelereiro, mas encontrei um que me atende à noite, sem precisar perder o sábado lá e sempre tenho aflição quando ele manipula meu cabelo sem água e condicionador - mas como são mais lindas as cores artificiais que as originais de fábrica! Nem eu maloqueira, despojada e desencada convicta resisto!

Futebol paixão nacional?

Minha amiga baiana foi embora brincando que como não temos Carnaval em Sampa estamos fazendo da Copa um... Nesse período a gente fica até constrangido de dizer que não curte futibas. Tem que torcer, como assim não se abala com o resultado? No primeiro jogo nem estava a fim de torcer, bodeada que estava com o tratamento à altura de uma ladra que recebi da várzea em que estava - eu sei, o que é que uma coisa tem a ver com a outra? Nesse ponto sou uma mulherzinha típica e tenho a mania de estender a indignação para tudo em volta, inclusive para o espírito ufanista verde e amarelo. No jogo seguinte já quis torcer pq tinha arrumado trabalho e visto uma luz no fim do túnel do que mais me interessa no momento, mas isso não vem ao caso nesse post.
Ok, já entendi o que é pênalti, mas não, não me peçam para explicar pois aí já é querer demais. Mas impedimento é e permanecerá uma incógnita, como regras de jogos de baralho, reexplicadas exaustivamente a cada reunião de amigos e apagada do cérebro sempre que preciso de memória RAM para dados utilizáveis no dia a dia, o que acontece com frequência.
Também não sou tão do contra como quem acha que devemos ser anti futibas e carnaval pois é o ópio do povo - deixei de ser comunista quando soube que a Pagu se desiludiu vendo crianças pedindo esmola na Rússia, ao lado da estátua de um dos heróis da famossa revolução desse país. E também pq percebi q o comunismo é impossível por não conseguirmos pensar comunitariamente nem no condomínio, que dirá no país. Querer nadar contra a corrente no país da bunda, onde todos são melhores técnicos do que aqueles que estão no campo dá tanto trabalho que a preguiça me domina.
Confesso que já passei um bom tempo declarando que odiava futibas e carnaval, quando o palanque que tenho na garganta era mais ativo e participante, mas hoje em dia, como odiar uma competição que nos arruma vários meio feriados no bar, bebendo e com amigos? Até eu me contamino quando os jogadores se aproximam do gol adversário! E tem que gritar pq ninguém merece ouvir o Galvão Bueno... É gozado ver jogo com mulher típica - tudo é pênalti e como são bonitas as pernas dos nossos jogadores e a cara dos adversários! A gente repara em cada uma - que campo lindo, que propaganda bonita, que torcedor criativo, que maquiagem linda, que horas serão lá heim? Obrigada pelas folgas Barreira, mas vê se capricha pq queremos mais (rs). E como palpite nunca é demais, tire o Rô Gordinho antes dos 45 minutos do 2o tempo, pois queremos nossos homens vivos para as finais. Que jogo foi aquele com um time de juízes? Uniformezinho sinistro... Como terá sido o clima na casa da minha amiga da facu, que casou com um australiano e foi pro outro lado do mundo?

Catarse de Teatro Màgico

Há pouco tempo fiquei encantada com um CD na casa da minha prima, nunca tinha ouvido falar, mas parecia bom demais para ser verdade. Versos como "os olhos mentem dia e noite a dor da gente (..) Enquanto houver você do outro lado/ Aqui do outro eu consigo me orientar/ A cena repete a cena se inverte/ enchendo a minha alma d'aquilo que outrora eu deixei de acreditar (...) tua ausência fazendo silêncio em todo lugar/ e o fim é belo incerto /depende de como você vê/ o novo, o credo, a fé que você deposita em você e só/ Só enquanto eu respirar/ Vou me lembrar de você" me deixaram com esperança na música brasileira de novo.
Há dias ou semanas essa mesma prima - aparte para uma mineirice família é bom demais além da conta! Como viver com e sem ela?! - me chamou pro show deles no Sesc Santo André, mas estava tão preocupada com o freela e a falta de emprego à vista que só fui comprar no dia e dei uma sorte tremenda, pois a atendente do Sesc São Caetano abriu a tela das cadeiras, marcadas em vermelho, indicando ingressos esgotados e meu olhinho meia boca mas que na hora H não me deixa na mão encontrou um único assento bege, sinal de desistência! Foi a bênção artística da semana!
Show dessa modesta trupe do "Reino Mágico de OZasco" é entrar no clima já antes, com os fãs seguidores fiéis com camisetas e baby looks com as frases do vocalista Fernando Anitelli. Namorar com o palco é uma delícia à parte pra quem já fez teatro pois a cenografia remete à infância, tem um quê mágico que certos palhaços de mal com a vida nos fizeram temer.
Bem, ouvir a turminha, como indica um de seus sucessos é descobrir poesia até num clássico brazuca prosaico como arroz e feijão "Como arroz e feijão/é feita de grão em grão/ Nossa felicidade/ (...) Mas como entender que os dois/ Por serem feijão e arroz/ Se encontram só de passagem/ (...) que vontade de te ver/ O dia do prato chegou/ é quando eu encontro você/ Nem me lembro o que foi diferente!/ Mas assim como veio acabou e quando eu penso em você/ Choro café e você chora leite".
O figurino deles é outro espetáculo à parte, pra nos fazer reconciliar com qualquer trauma de infãncia devido a palhaço meia boca encontrado há anos. Vontade de usar todos no dia a dia, mas seria interditada - já que tenho que trabalhar fantasiada de executiva. As cores, texturas e variedade me fizeram sentir num ateliê da Vila Madá.
Sei que sou suspeita para falar pois adoro tudo que é alternativo, descolado e despojado, mas eles realmente reinventam a música combinando com poesia, teatro (aquelas paradinhas estratégicas brincando de estátua) e circo. Ana e o Mar tem cara de história contada pela mãe ao pé da cama: "Veio de manhã molhar os pés na primeira onda(...) se entregou ao vento/ O sol veio avisar/ que de noite ele seria a lua/ Pra poder iluminar/ Ana, o céu e o mar/ (...) Deitada diante do mar/ Que apaixonado entregava as ondas mais belas/ Tesouros de barcos e velas/ Que o tempo não deixou voltar/ Onde já se viu o mar apaixonado por uma menina?/ Quem já conseguiu dominar o amor?/ Por que é que o mar não se apaixona por uma lagoa?/ Porque a gente nunca sabe de quem vai gostar?/ Histórias que nos contam na cama/ Antes da gente dormir/Todo sopro que apaga uma chama/ Reacende o que for pra ficar/ Quando Ana entra n'água/ O sorriso do mar/ se estende pro resto do mundo".
Outra pérola é a homenagem displicente que Fernando fez para Jô (empregada? Vó?) que solta as pérolas que ganharam um ritmo divertido "vrido, zaluzejo, Olhar no espelho depois que almoça entorta a boca, Mulé com mulé é lésba e homi com homi é gay, Mas dizem que quem beija os dois é bixcional e Documento eu levo na proxeca porque é perigoso carregar na mão". O verso "Acredito que errado é aquele que fala correto e não vive o que diz" pode parecer uma ode ao acinte contra o português mas minha prima historiadora usa a música em salas de aula com alunos adultos com linguajar semelhante, que se emocionam com a identificação. Não é a toa que o TM já tem seguidores, fiéis como os da Marcha para Jesus. Uma salva de palmas para as rádios USP, Brasil 2000 e Eldorado que já tocaram os bons moços SEM JABÁ! Foi imperdível outra homenagem que Fernando faz na apresentação para os poetas da música brazuca, responsáveis por letras como "hoje é festa lá no meu apê". Tranquilizador saber que há juventude na platéia, sendo muito bem catequizada, obrigada. Até eu que adoro ser do contra saí de lá com uma blusinha estampando a máxima, transforma em funk pq o pessoal tb é bom de tirar sarro: "os opostos se distraem/ os dispostos se atraem". Como faz bem cantarolar e deixar o córtex cerebral impregnar com refrão bem feito!!

Micos e acertos de feriadão

Na última quinta tentei chegar a tempo para a sessão das 18h do Código da Vinci no Belas Artes (muito bom, mas não faço críticas para longas que não precisam de empurrãozinho para levar milhões aos cinemas) e passei uma boa parte do caminho tentando entender pq raios a Paulista estava interditada em pleno Corpus Christi, sendo que nem cemitério essa avenida tem. Só lá na Consolação me toquei que o mar de cavaletes pelo caminho era pra marcha para Jesus - irônico não, ia ver um filme polêmico sobre a vida do Hômi!
A primeira saia justa do feriado prolongado foi na volta, quando eu e a minha parceira de programinhas micos ou não paramos no Espeto de Bambu atraídas pela música mas só nos tocamos que era point GLS quando a garçonete trouxe as porções de pão de alho e queijo coalho e sugeriu que eu desse na boca dela. Como é bom ser mulher, não ter que afirmar minha feminilidade e rir disso ao invés de se indignar como os hômi que conheço!
No dia seguinte estudei ou tentei. Li duas apostilas, mas se guardei tudo o que precisava, só o tempo e as notas dirão... Estou sublimando a teimosia da minha burrice no técnico de shiatsu... À noite finalmente consegui ver o show do Teatro Mágico no Sesc Santo André - uma dessas apresentações em que como diz minha prima, a gente sai meio revirado do avesso, se perguntando porque a maior parte da nossa existência não é livre, leve e solta como a dos artistas. Como eles combinam poesia, teatro, música e circo! A que se pendura no tecido me deu uma saudade doída das aulas dessa modalidade que comecei mas não consegui continuar e lembrava a Emília/ Sítio do Pica Pau Amarelo, mas os hômi são tão bons que merecem um texto posterior, todo dedicado a eles...
Sábado foi dia de parada gay! Aliás foi por causa de uma delas que esse blog começou, mais de um ano parabéns! Dessa vez não andei do começo da Paulista até a Consolação pois meu amigo que me introduziu nesse mundinho está aboxonado demais para isso. Aliás nessas horas sempre penso em todos que conheço que abrem mão de tudo e todos por alguém, mas que quando cobram uma entrega à altura se vêem sem retorno proporcional e sozinhos além da conta - só que não é culpa do que reebeu a entrega desmedida que o outro tenha paralisado sua vida esperando que a felicidade venha de fora, seja lá de quem for. Não é surreal ter ciúme do cachorro e da mãe? Essas são as historinhas do gênero mais engraçadas que já ouvi desde que me conheço por gente... Consegui uma façanha na parada - combinei e me encontrei com a irmã de uma amiga de infância. De lá fomos pra casa da colega dela - tão fófis que me deu uma vontade de montar uma com a MINHA cara. Não tenho mais nada a ver com a mulher que montou esse apê, deve ser por isso que não páro nele... Mas sempre quis liberdade e vou querer cada vez mais. Não me pergunte pq sou tão livre, não dá pra ser de outra maneira... Bem, mais tarde conheci um barzinho que eu namorava há tempos na Aclimação - pena que foi pra consolar outra amiga - estou meditando por você fófis!
Domingo voltei a ter vontade de torcer pelo Brasil e me encontrei com a sanga - os amigos espirituais do centro - pra ver o jogo em Pinheiros. Porque o racional acha uma coisa, o corpo outro e a alma uma terceira? É uma incongruência viver em sociedade com ambos, bendito texto redentor do Terça Insana. Assisti o programa Super Nanny porque não dava pra escrever sobre ele sem conhecê-lo... Aliás continuo aceitando contribuições de psicólogos, pedagogos e educadores! Me esqueci completamente do niver de uma amiga irmã e fui me redimir comprando uma lembrancinha no shopping e comendo feito o Bussunda na festa dela. Aliás, como assim o hômi morreu? Meu amigo ator tem razão, Deus que me perdôe, mas essa morte virou uma piada. O que será do humor brasileiro sem a pança porta chopps - à moda dos paulistas? Ó Deus, meu humor negro está quase de luto...

Nesse verão, eu não ver você à toa, vem pra Bahia que a Bahia é uma boa!

Tive uma colega de trabalho que dizia que os loucos se reconhecem e eu comprovei a teoria dela nas minhas férias em Salvador, há pouco mais de um ano atrás. Mochileira convicta, fui para albergue da juventude e almoçando numa praça de alimentação de shopping, conheci uma futura... jornalista. Há poucos dias ela me contou que viria a SP e pediu abrigo. Conheço quem me julga doida de pedra por receber alguém que vi meia dúzia de vezes na vida, mas recebendo dela as fotos e o agradecimento pelo fim de semana mais eclético de toda a vida dela - e da minha também, pois dançamos samba no Ó do Borogodó, black no Blen Blen e música cubana no Bourbon Street, sei que fiz a coisa certa. Também não sei ser de outra forma que não a que confia demais nos outros. Ainda por cima a fófis convidou e minha amigas pro Carnaval de Salvador! Sempre achei que tinha que passar por uma experiência como aquela que conferia na TV, mas quando pesquisava preços de pacotes desencanava, pois também não é pra tanto, que não gosto tanto assim de axé e trio elétrico. Há quem aposte que não tenho pique e pedirei água antes da metade da festa. Mas vou me preparando psicologica e fisicamente até lá e devo confessar que nesse finde super eclético vi que minha amiga do teatro tem razão: no amor e na profissão você pode até fazer prospecção independente, mas os melhores partidos e postos são sempre por indicação. Haha! Meu primo - escalado para o projeto república de família - está certo: o ser humano é estúpido mesmo, só quer saber do mais dificultoso... Termino com uma homenagem às férias mais "sessão da tarde" (com direito a chuva e assaltos) e à colega mais "massa" que poderia encontrar nessa fase: "coração/ pára de se apaixonar/ por alguém que nunca te amou e nem nunca vai te amar". Recado final pra minha colega mais fã de micareta que conheço: no próximo feriado mais pagão do calendário, quem enfiará o pé na jaca sou eu!

terça-feira, junho 13, 2006

Sucumbir ou não à emoção, ao desejo e à vontade?

Minha adorável professora de yoga, que eu considero minha guru informal, sempre diz que se entramos em contato com uma emoção (e eu incluo nessa categoria os desejos mais ou menos incontroláveis), não devemos negá-la e sim vivenciá-la, caso contrário a mesma toma medidas desproporcionais. Será? E quando a emoção ou desejo colocam em risco a integridade do nosso bom senso? E quando começamos a perder o senso de noção? Eu confesso: quando uma vontade está me matando, prefiro matá-la e sobreviver. Geralmente depois disso a coisa toda murcha, nem era tudo isso. Há épocas em que banco a kamikaze, me pondo à prova até o último minuto: "não ego, você não vai mandar em mim e bancar o bebê chorão". Às vezes funciona. E às vezes eu não consigo dormir com um barulho desses. Vamos ver que tipo de madruga terei pela frente... Não é nenhum exagero que esse é o reino dos desejos. E é impossível satisfazer a todos. Mas o que fazer com essa carência, essa saudade, essa rejeição, esse medo? Dúvida cruel... Realmente temos que tomar cuidado com o que desejamos, ainda que informalmente - quando acontece, nem sempre é como esperávamos, pois como diz o Osho - o se imagina demais é sempre melhor no sonho do que quando acontece de fato.

sábado, junho 10, 2006

Crise existencial à lá Terça Insana

A cabeça sabe que pode ser outro, mas o corpo quer esse dificultoso mesmo e a alma mandou meditar mais que estou é mundana demais!

terça-feira, junho 06, 2006

Overdose de MPB

"Desejo// Que você tenha a quem amar// E quando estiver bem cansado// Ainda exista amor pra recomeçar// Pra recomeçar"
[Sei que todas as músicas que publiquei são clichê, mas parafraseando o saudoso blog do homem chavão: existe vida além do lugar comum na paixão?]

Maior abandonado

Eu tô perdido// Sem pai nem mãe// Bem na porta da tua casa// Eu tô pedindo// A tua mão// E um pouquinho do braço// Migalhas dormidas do teu pão// Raspas e restos// Me interessam// Pequenas poções de ilusão// Mentiras sinceras me interessam// Me interessam// Eu tô pedindo// A tua mão// Me leve para qualquer lado// Só um pouquinho//De proteção// Ao maior abandonado// Teu corpo com amor ou não// Raspas e restos me interessam// Me ame como a um irmão// Mentiras sinceras me interessam// Me interessam! Cazuza Roberto Frejat

Desejo para todos, hoje e sempre

Ouvi uma coisa tão linda de uma amiga recentemente que desejo para todos nós: "se existe a pessoa da sua vida, a encontrei. Ainda está na amizade, mas é um amor que pode esperar muitas encarnações". Para quem tem tanta urgência de viver como eu, como se o mundo fosse acabar amanhã, que todos possamos chegar nesse sonhado estado de graça.

Nem sempre Paulo Coelho e provérbios lugar comum têm razão...

"Tudo o que acontece uma vez pode nunca mais acontecer, mas tudo o que acontece duas vezes, acontecerá certamente uma terceira" Provérbio Árabe mencionado num dos livros do maior "fazedor" de dinheiro editorial brazuca.

Aprendi...

Aprendi que decisões tomadas depois de se enxergar o que não se queria ver, que nascem de uma clareza e certeza inabaláveis, como se finalmente limpassem seus óculos, também deixam um vácuo amorfo sentimental indefinido em nós, mas podemos nos acostumar a ele, pois é o espaço que foi ocupado pelo sentimento abortado//
Aprendi que assim como há roupas que ficam melhor na vitrine do que em nós, há pessoas que se saem melhor em nossa imaginação que passando pelo test drive//
Aprendi que pode não haver uma segunda chance para se falar ou se fazer o que se quer//
Aprendi que estava tão obcecada em conquistar o sonho que esqueci que o caminho era tão bonito//
Aprendi que as pessoas, assim como os psicólogos selecionadores de empresas, têm atitudes e palavras arquitetadas para fazer média e que todos tentam "limpar sua barra"//
Aprendi que o que pensamos pode acontecer antes do pedido ser oficialmente enviado ao plano superior//
Aprendi que podemos não estar preparados para nossos sonhos//
Aprendi que manter a cabeça nas nuvens e os pés no chão significa que tudo que se imagina demais é melhor no sonho do que quando acontece realmente//
Aprendi que não temos uma paixão, ela é que nos tem e que esse tipo de sentimento pode ser inebriante mas sempre foge ao controle//
Aprendi que controle só serve para o vídeo game – na prática absolutamente tudo foge ao esperado//

Aprendi que a vida pode ser divertida mesmo quando não é o que sonhamos – basta que a encaremos de peito aberto, desarmados, sem pé atrás, dispostos a nos encantar como crianças...

quinta-feira, junho 01, 2006

Poema de Sete Faces

Quando nasci, um anjo torto/ desses que vivem na sombra/ disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens/ que correm atrás de mulheres/ A tarde talvez fosse azul,/ não houvesse tantos desejos

O bonde passa cheio de pernas:/ pernas brancas pretas amarelas/ Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração/ Porém meus olhos/ não perguntam nada.

O homem atrás do bigode/ é sério, simples e forte./ Quase não conversa./ Tem poucos, raros amigos/ o homem atrás dos óculos e do bigode

Meu Deus, por que me abandonaste/ se sabias que eu não era Deus,/ se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo/ se eu me chamasse Raimundo/ seria uma rima, não seria uma solução/ Mundo mundo vasto mundo,/ mais vasto é meu coração

Eu não devia te dizer/ mas essa lua/ mas esse conhaque/ botam a gente comovido como o diabo.

Dia Cinza

Quando penso que já dominei a ansiedade, essa velha companheira de guerra, a traiçoeira toma o poder, me amarra na cadeira e ri da minha cara, como ontem, em que me senti numa semi TPM, com vontades afogadas, ofensas mal digeridas, contaminação pelo stress alheio, paranóia de perseguição, revolta com a caretice alheia, surpresa com a percepção do próximo, mal estar de fazer gestação de um mês para certos pedidos e eles ainda assim saírem enviesados, broncas que abriram um pouco mais a ferida, constatação de que os genes estúpidos, os querem controlar o futuro e encucar com o passado ainda falam mais alto, revolta do que não saiu como sonhado e um buraco amorfo sentimental no peito - qualquer coisa entre o vazio existencial e a angústia. Grazie a Dio marquei acupuntura e homeopatia pelo convênio - preciso de uma overdose de tratamentos naturais - e pasme não é em horário de desocupado! Agora é que vamos ver quem manda! - gritei para a descompensada que habita em mim e volta e meia ainda quer armar o circo. Estou parecendo aquela personagem ótima do Terça Insana - que vive em crise com os pedidos e necessidades da cabeça, do corpo e da mente. Só por esse quadro, pela Santa Paciência aplicando o marketing ao mundo cristão e pela participação do Ricardo Castro da fantástica 1,99 já comentada aqui valeu o ingresso pago dois dias atrás. É só a arte salva. Meeessmo!