Desabafos de uma jornalista, aspirante a atriz, shiatsuterapeuta e professora de yoga...

terça-feira, novembro 28, 2006

De como ganhei difamação internacional no início de uma semana sem pé nem cabeça

Para entender esta tentativa de direito de resposta: http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2006/11/061124_ivanlessa.shtml

Ivan Lessa chama de amor a divulgação de novidades, mas este tipo de sentimento parece ser construído ao longo de anos e não faz nem seis meses que divulgo notícias para ele, tempo insuficiente para uma relação tão profunda. Ivan Lessa podia me ensinar a beijar a terra em que alguém pisa virtualmente, não para usar a técnica com ele, mas com pessoas com um pouco mais de bom humor. Vivo sem Ivan Lessa há quase 29 anos e espero continuar assim. Ivan Lessa não sabe que no meu caso, muita paixão é traduzida em muito silêncio, que advém de uma timidez que só conheço nessas horas mais palpitantes, mas não as encontro no trabalho, grazie a Dio! Ivan Lessa sabe que pode me enviar um e-mail solicitando a exclusão do meu mailing, mas parece estar sem assunto menos batido que o Spam neste fim de novembro e para confirmar o talento jornalístico em encher linguiça, inclui no texto nem meia dúzia de dados sobre este problemaço contemporâneo tecnológico. Ivan Lessa parece não saber que distância para mim é o que me impede de conhecer os lugares mais adoráveis e mais caros do planeta. Ivan Lessa parece se fazer importante detonando o próximo, muito parecido com aquele humor fácil de teatro barato. Ivan Lessa não pode conferir minha agenda de divulgações com datas em branco – aparentemente por estar a 9 mil Km de distância ou mais, prova de que às vezes não inundo a caixa postal dele só aos finais de semana. Presença indispensável é a da capacidade de rir da própria desgraça, para se divertir com episódios tão tragicômicos quanto este. Ivan Lessa não tem como saber que acredito em silêncio e o busco na meditação fora do horário comercial. Ivan Lessa deve achar que o não comparecimento é muito pouco para dar vazão à um bate boca antigo e já batido entre assessor e repórter. Ivan Lessa não tem forma, rosto ou corpo para esta que vos fala, logo não pode despertar desejos além dos profissionais corriqueiros de sempre. Ivan Lessa não parece ter um espírito apaixonável pelo pouco que conheci nas últimas 24 horas. Ivan Lessa não pode solicitar a exclusão do recebimento de e-mails que não interessa ou prefere usar o espaço nobre de que dispõe para exercitar sua capacidade de preencher espaço sem dizer quase nada. Ivan Lessa não revela qual a primeira profissão mais comum no Brasil eletrônico. Ivan Lessa consta como parte dos jornalistas cadastrados no banco de dados Comunique-se e provavelmente também no concorrente deste MaxStress, o que expõe qualquer profissional que escreve a inúmeras mensagens não desejadas, mas que podem ser evitadas, informando aos pobre coitados que atualizam estes sistemas que NÃO concordam em incluir seus e-mails nestas vitrines, como o site do mundo publicitário Blue Bus faz. Ivan Lessa reforça como chata sua própria natureza brazuca, mas parece estar distante demais para rotular seu país de origem. Ivan Lessa também parece não se importar em gastar linhas e mais linhas com seus problemas pessoais no acesso a seus e-mails. Ivan Lessa é superficial na descrição de como assessor de comunicação pode alienar com o envio de e-mails que podem ser pura e simplesmente deletados ou bloqueados. Ivan Lessa também ter má vontade de enviar um e-mail ao remetente das mensagens indesejadas informando que não cobre aquele assunto e sendo – simples assim – não importunado para todo o sempre, como manda o código de ética da profissão que tem mais ego que gente. Ivan Lessa também não parece precisar de organização e critério para desperdiçar uma coluna inteira com o que parece ser revolta contra o fog ou clima depressivo londrino, descontado no primeiro nome encontrado numa caixa de e-mails lotada não apenas por mim. Ivan Lessa parece ter escolhido a dedo nem meia dúzia de números para classificar a coluna como pauta e não falta do que cobrir. Ivan Lessa parece ter tão poucas opções de inferno particular para me selecionar como o maior deles. Ivan Lessa é tão desnecessário à continuidade da vida cotidiana que se não me concedesse espaço num país que assassina conterrâneos no metrô para depois perguntar, provavelmente nunca repararíamos na existência um do outro. Ivan Lessa parece ter refinado sua capacidade de gostar de pouca coisa morando fora, com um ar de Diego Mainardi. Ivan Lessa podia dar mais detalhes da receita de Francine Brandão cortada e cozida, para que o preparo não desande pelo caminho. Ivan Lessa deve ter um filtro de quinta para que qualquer disparo de e-mail fure este critério de seleção de mensagens, ao que tudo indica, eficiente para todo o resto da humanidade. Ivan Lessa parece ter uma saúde mental facilmente irritável e comumente abalável. Ivan Lessa me proporcionou meus 15 minutos de fama prometidos por Andy Warhol para além destas fronteiras e me feito extrapolar em meu treino budista de exercício da paciência e tolerância. Obrigada Ivan Lessa.

terça-feira, novembro 21, 2006

Branca de alma multicultural

Não sou a típica brasileira estereótipo: nas duas únicas vezes em que saí do Brasil me pediram para sambar, jogar futebol e provavelmente devem ter estranhado a falta de buzanfa, que nascer sem retaguarda de parar o trânsito aqui é um pecado capital. Só fui para fora até a Disney - uma, com passagens ganhas em festa de fim de ano na empresa e a outra, trabalhando. Quando puder escolher certamente não visitarei este país, que já impõe sua cultura suficiente - praticamente não há o que se descobrir por lá. Mas enfim, descendo do palanque que este não é o propósito deste post, sempre me senti meio alienígena por não ter samba no pé, molejo, não ser gostosa de parar o trânsito, enfim. Mas neste finde dei vazão aquilo que chamam branca com alma negra. Imagino que tenha um pé na cozinha, embora os negros da família tenham vindo por casamentos e não oficialmente - com esta boca que em risadas quase engule os brincos e um cabelo domado à base do bendito ativador de cachos Paul Mitchel, não posso negar as origens. Como sempre quero chorar ouvindo ou vendo qualquer coisa relacionada à umbanda e candomblé, além de sentir batuque afro dentro do peito - sinal claro de reconhecer sua origem negra, de acordo com minha prima historiadora que está dando aula lá da terra dos escravos - algo forte me liga ao maior continente do planeta. No domingo fui ver um concerto de música africana no Museu da Casa Brasileira, não resisti e ensaei dançar naquele jardim lindo. E segunda fiz uma oficina de dança afro brasileira - amei mas não reparei que durava quase duas horas e minhas pernas ainda se ressentem disso. Nos finalmentes parecia que estava até sambando - justo eu com tanto gingado quanto uma caneta Bic! Tudo para entrar no clima do dia da Consciência Negra? O prof tem razão: há raízes fortes dentro de nós que raramente deixamos vir à tona. Aproveitando a deixa, além de achar uma pena não ter tido aula sob o ponto de vista negro, também queria saber o que acharam os índios do descobrimento e a invasão do Brasil, mas catzo! A história é sempre contada pelos vencedores, uma lástima!

Fran sensível X Fran general

Desde o retiro com o pessoal do Osho, quando me pediram para prestar atenção ao lado masculino - tagarela, ativo, que quer entender e classificar tudo e no feminino - contemplativo, tranqüilo, que quer sentir e não racionalizar, acho que este último tem vindo à tona com mais freqüência. No penúltimo feriado fui doar sangue - pô, faz mais de um ano que não faço trabalho voluntário semanal como antes e só doei duas vezes, apesar de sempre pegarem a veia fácil e a bolsa encher rápido. Pela primeira vez o sangue coagulou, entupiu a bolsa e a mulher do Pró Sangue teve que interromper a doação. Perguntei se queriam pegar o outro braço, mas como já tinham pego 64 ml, só podem retirar 450 ml de mulheres, passariam do máximo que meu sexo frágil pode doar. Achei que parar a doação dói mais que doar quase meio litro. Não entendi ao certo qual a razão, mas a dor certamente não foi: só sei que comecei a chorar. Puta vexame! Perguntei se havia algo de errado - ignorância biológica, diga-se de passagem - mas não, disseram que minha coagulação é muito boa. Lembrei da última operação do olho, quando tomei remédio para cicatrizar mais devagar. Mas ainda continuei com dificuldade de parar de chorar. No dia seguinte, quando voltava da acupuntura, um carro ficou devagar quase parando na minha frente e o caminhoneiro soltou aquela buzina de acordar qualquer um na estrada atrás de mim - fiz aquele gesto bonito da janela, mas quando parei no farol ele ficou me xingando e perguntando se queria tomar umas - porradas, imagino. Fiquei olhando minhas agulhinhas sem responder ou olhar, sem saber se estava no caminhão ou na minha janela, pensando: "vai fia, quem é que se considera tão calma no trânsito e critica o colega que quase tomou um tiro e é caminhoneiro ignorante? Aprendeu ou vai precisar de outro susto?" Pouco depois cheguei em casa com vontade de chorar, quase abri o bocão, mas desta vez segurei insconcientemente. Ainda é um estranhamento quando o feminino toma o poder, pois ele é um banana e meu pai me fez ser general a vida inteira - me mandava parar de chorar quando caía e arrancava dente de leite mole com alicate, mas como dizem as irmãs dele, é um cavalo de coração bom. Será que um dia acostumo? Em tempo: quinta a general foi racional o suficiente para por fim a uma historinha que me fazia bem, mas era uma canoa triplamente furada que me levaria pro fundo do poço em breve, com tudo, absolutamente tudo pra dar errado. Preferi investir na amizade que está se tornando algo mais, com afinidades espirituais e culturais. O que terminei é uma graça, mas conteúdo que apetece mais que aparência. É ou não é pé no chão demais para uma mulherzinha? Para contrariar meus planos, sábado fui atropleada por um colega que jurava que era gay e reafirmei meu encantamento por outro que aparentemente não caiu nas minhas graças. Decididamente estou fazendo a reforma agrária do meu coração - sempre parece caber mais um, mas neste caso não sei se meu lado banana ou general mandam mais...

quinta-feira, novembro 16, 2006

Sutis e marcantes melhoras

Há quatro semanas estou meditando no círculo que trabalha com o estilo do Osho na Vila Madalena. Tão pouco tempo - nem fiz test drive de todas as técnicas ainda - mas ainda assim parece um tempão, a julgar pelos efeitos positivos que só podem vir de lá, já que não estou tocando mais nenhuma atividade de auto conhecimento ou ligada à espiritualidade.
Pra começo de conversa, não faço idéia de onde foi parar minha culpa - e demorei para percerber o quanto me entubavam isso mais traumas, conbranças, pressões etc etc. Parece que tiraram com a mão, como a saudade que tinha de reportagem há um bom tempo atrás e evaporou. Aqui, crédito para a única amiga mais moderninha que eu, rainha dos furos, mas que sentencia com propriedade: "pode ser leve e divertido, sempre". Assino embaixo.
Talvez por conta disso, mais terapia e aulas de yoga há cinco anos, bloqueios que desenvolvi há dois anos e meio começaram a destravar, tão incosncientemente quanto começaram. Dois divisores de águas recentes importantes nesta empreitada: um que mostrou que estou viva, com tudo o que fazia falta intacto e latente e o outro, que biologicamente ainda respondo a contento. Coincidência ou não, dividem a mesma profissão, na área de bem estar. Será que ainda chego lá? Penso em manter as paixonites do teatro, yoga, meditação e massagem como hobby, para que não se contaminem pelas obrigações, necessidades e sobrevivência, mas a chefa - quem diria - diz para pensar seriamente em viver disso. Mas este é assunto para outro post... Ou para nicks de MSN que geram polêmica: "o corpo é prisioneiro, mas a mente é livre".
Outro indício de mudança bem vinda é que pela primeira vez lido com as coisas e as pessoas sem esperar nada em troca, sem romantizar, idealizar ou sonhar demais com o retorno. E aí - bingo - o que vier é lucro! Até mesmo mudar de profissão deixou de ser aquela urgência devastadora - e olhe que há pouco mais de 4 meses atrás, antes de me encantar com o jornalismo outra vez, achava que sem esta troca ia morrer. Neste insight, mas um nick pouco compreendido no programa de mensagem instantânea: "o que temos de melhor ninguém rouba".
A jornada de auto conhecimento espiritual que nunca mais quero parar já faz com que não deixe mais que os momentos felizes passarem desapercebido e recupere a capacidade infantil se encantar: fico maravilhada com flores, árvores, cachoeiras, mar, balanço de parque infantil, criança de amiga no colo na garoa ou por dançar com desconhecido, sentir a música de olhos fechados, fazer invertida na yoga, domar o corpo um pouco mais no pilates, chorar num filme, rir numa peça, encher o coração num texto ou livro, massagear o pé alheio enfim, tenho me deleitado com os instantes fugazes de felicidade, celebrado a vida, procurado me manter em comunhão com ela, tão sensacional que é e demorei para perceber. Por essas e outras, concordo com Osho quando dizia que "desejo, imaginação e memória trazem infelicidade" - o primeiro por ser impossível saciar todos que surgem, o segundo sempre torna o que é sonhado melhor no devaneio do que quando acontece e o último por nos faz sofrer saudade do que não volta. Cada vez mais tenho procurado não esquecer que o presente não tem este nome à toa e pedido para não perder de vista o eterno milagre da vida.

quinta-feira, novembro 09, 2006

Dilemas femininos

Alguém sabe a misteriosa causa dos tragicômicos enigmas abaixo:
* não existir lingerie e nem sapato feminino confortável, somente bonito ou lindo?
* um estranho complô contra cabelos crespos se alastrar pela maioria dos salões de beleza, propagandas e editoriais?
* dos modess disponíveis no mercado te oferecerem duas opções: vazar até o vexame ou colar onde não se deve fazendo uma depilação involuntária na hora de se aliviar?
* sentirmos curiosidade de fazer escova quando esquecemos como ficamos de cabelo liso e no meio do puxa puxa termos a obsessão de sair correndo?
* cabelereiros manupilam nosso cabelo como se estivessem lavando louça?
* pq estes profissionais insistem em desembaraçar cabelo crespo a seco e sem condicionador?
* o que dói mais: quando se passa a cera na região púbica e queimam até nossas trompas ou se quando puxam e levam até nossa alma embora?
* como optar entre fazer limpeza de pele e ficar com marca de tirar cravo na marra ou cultivar mancha de espinha até que ela resolva partir desta pra melhor?
* só produzem tintas de cabelo que coçam até o fígado ou ardem até a córnea?
* cabelos enrolados quando são cortados encrespam mais e todos pensam que não cortamos três dedos, mas um palmo e meio?
* pq branquelas como folha de sulfite A4 têm pelos como árabes cor de mogno se nascem e ficam carecas por quase a infância toda?
* manicures sempre prometem não machucar e tiram um teco do dedo a cada mão e pé que "fazem"?
* os protetores solares mais cheirosos não evitam uma ardência tostex depois de uma caminhada na praia?
* os óculos mais atraentes da ótica são sempre importados na casa dos três dígitos?
* o brinco que amou de paixão é o que deixa a orelha em carne viva?
* a corrente ou colar mais bacana é o que abre sem que perceba e se perde sem que se note?
* só se fazem sutiãs tamanho feto ou meia taça, mas nunca caneca extra large?
* só fabricam calcinhas para quem não se importa em ser enrabada por elas?
* meia calça só é válida para uma única saída?
* quem usa óculos e não pode por lente jamais consegue deixar o olho arrasa quarteirão pois quando tira o bendito não vê onde deve passar o delineador e lápis e quando põe de novo, não tem como enfiar estes acessórios em cima ou embaixo do vidro?
* mulher disfarça para coçar suas partes íntimas e tirar a calcinha do fiofó enquanto o homem arruma o dito cujo em praça pública?

Isso sim é comédia da vida privada!