Desabafos de uma jornalista, aspirante a atriz, shiatsuterapeuta e professora de yoga...

sexta-feira, julho 18, 2008

Sobre como chegar bem humorada numa manhã sonolenta de trabalho

Faça mais amor e menos sexo. Baixe o freio de mão e tenha menos medo. Confie mais e diminua as dúvidas. Peça mais e mande menos. Faça seu melhor independente dos parceiros de trabalho colaborarem. Tome mais sorvete e suba menos na balança. Caminhe mais e fuja do ônibus ou carro parado. Durma menos e nade mais. Sinta-se mais ridículo e julgue menos. Pise no pé de um professor de dança, mas não se convença de que não gosta ou não sabe. Acompanhe a 3ª idade numa hidroginástica e fique menos atrás da TV. Estude o que ama, não o que dá dinheiro. Agradeça mais e peça menos. Vá de peito aberto e crie menos expectativa. Ande mais descalço e não se importe em sujar o pé. Permita-se rir como na infância e coma menos as unhas. Leia poesia e não auto-ajuda para aspirantes a executivos. Escreva uma história que encha o coração, não pretenda publicar um best seller. Deixe que o cinema e o teatro te façam pensar, aprender ou te toquem, não saia dessas salas escuras do mesmo jeito que entrou. Estude uma língua pouco manjada, não conquiste o certificado Toefl. Engaje-se numa causa, não acredite que nada pode ser feito. Procure sua turma, não bote fé que não estará “em casa” entre nenhuma tribo. Faça o que ama, não o que rende o carro do ano, a cobertura dos sonhos e as aparências de uma pseudo felicidade vazia. Descubra um restaurante com ar de cozinha da avó, não um que constranja quem não sabe que talher usar. Encare um bolinho de chuva e conte menos as calorias. Tome mais chuva e carregue menos capa contra água imprevista. Corra para o sol no inverno e se esqueça na sombra no verão, tenha menos saudade da estação seguinte ou anterior. Dê mais flores e menos vale-presente. Ouça mais música artesanal, regional e de raiz e menos as mais tocadas. Faça uma caricatura e jogue o esquadro e a régua para escanteio. Arrisque a tragicomédia, não o entretenimento barato. Dance como se ninguém estivesse vendo, não restrinja sua criatividade corporal. Medite e ouça mais Deus, peça menos pela loteria, título de time campeão ou contas no azul.

De manhã abençoada

O bom humor dela entrou como um acinte
no escritório de sérios e sem graça
A ponto do diretor admitir a inveja branca:
- Queria ser assim logo cedo.
E das risadas de colegas admitindo sentir
o que só ele verbalizou abafarem seu conselho espontâneo:
- Namore mais então!

Não resiste à tentação e ouve o CD
disfarçando com fone de ouvido
a Hilda Hilst e Zeca Baleiro
violentado o ambiente corporativo

Almoça onde se conheceram
se desculpa com a caixa ou dona - não sabe ainda
de tanta queixa pelas etiquetas tão pouco fiéis
aos pratos do quilo com sabor de comida da mãe
conta que lá conheceu um encantador homem das letras

Carrega no pescoço o meio terço meio colar
feito pela cantora que o produziu recitando mantra
e abençoando a noite perfeita do primeiro sarau dela
Duas vezes vermelha de timidez na mesma semana - raridade!

Uma pela declaração ao vivo e a cores
Entre músicos, poetas e cantores - onde se sentiu voltando
para uma casa nova, inacreditavelmente familiar!
E também pela trilha sonora da manhã abençoada
ganha antes do horário comercial

Suspira sonhando com a publicação dessa troca de versos
tem medo quando admite sonhar em se casar num sarau
E ri certa de sua pretensão de que é a única bem amada da empresa
agradece a cada santinho pendurado no pescoço
a volta da escritora poeta inspirada adormecida.

Francine Machado

segunda-feira, março 10, 2008

De como despistar xeretice materna

Lena saía com um amigo colorido há quatro ou cinco meses, sempre durante a semana, que era uma mulher resolvida, sabia que o moçoilo estava sofrendo a partilha numa separação parecida com a que tinha passado pouco tempo antes. Mas ouvia da mamma:
- Vocês sempre saem só à noite, durante a semana, não traz ele aqui em casa...
- Sabe o que é? Ele tem que deixar todos felizes e com mulher e filhos lá no Sul do País, não deve ser fácil esse jogo de cintura...
Ele já era desimpedido, mas não conseguia evitar se divertir com a caretice e o espanto familiares...

Saída divertida para a volta à gandaia em grande estilo

Nina terminou um casamento, quase decolou um namoro, voltou à esbórnia da solteirice, mas não agüentava sua mãe, talvez inconformada com a falta de uma dor de amor digna de fotonovela:
- Chegou tarde de novo heim?
- Sabe o que é mãe? Estava rolando uma suruba e eu nunca tinha participado...

Textículos da versão brazuca Sex and The City

Luna não agüentava mais a mesma perguntinha sem pé nem cabeça da mãe após separar e se apaixonar por um novo aspirante a namorido:
- Vai dormir na casa do namorado de novo?
Um dia, radicalizou na resposta:
- Mãe, fiquei dez anos com meu ex. Não sou mais virgem.
A amiga tentou imitá-la, mas se esqueceu que a mãe era uma católica do tipo “Joselito não sabe brincar”, como os famigerados programetes da MTV. Teve que ouvir o espanto da progenitora:
- Haaaa! Você está transando com todo mundo que você sai?
- Calma mãe, que a fila anda mas a catraca é seletiva...

Desabafo de assessor...

...já achei o fim do mundo quando “evoluí” da fase de enviar sugestões de pauta com meia dúzia de linhas para que o jornalista corresse atrás do resto para enviar a matéria inteira de modo que os bicho preguiça que sobraram nas redações colassem e copiassem todo o conteúdo, trocando meu nome pelo deles. Agora temos uma nova modalidade que descarta esse braçal operacional: portais que solicitam que você mesmo, caro assessor de comunicação ou raio que o valha, cadastre-se no site e publique sua notícia, provando que Andy Warhol tinha razão e ganhando seus minutinhos de fama como repórter, inclusive com direito ao crédito pelo texto. Pensando bem, esses “publica tudo” nos livram a cara daquelas pautas que nem oferecendo favores sexuais se emplaca. Eita servicinho “todo castigo para corno é pouco”...

Pirações...

...provando os ancestrais lugares comuns “cada louco com sua mania”, “de médico e louco todo mundo tem um pouco” e “de perto ninguém é normal”, venho a público fazer jus a minha fama de LOUCA com minhas doideiras ligeiramente maníacas:
· Descascar o esmalte e as peles ao redor das unhas até doer, mas jurar de pé junto que não como unha, imagine!
· Arrancar os plásticos dos cadernos, bloquinhos e agendas à prova d´água, com a paciência de um trabalho braçal digno de presidiário com mais de 30 anos de pena pela frente;
· Dissecar cada medo, preocupação e nervoso que surgem descabidamente até convencer a humanidade e eu mesma que eles não tem razão de ser;
· Teimar em estudar línguas sem chegar perto dos livros fora das escolas sob pretexto de que não estudo só o que gosto, pq ser poliglota também ajuda na carreira, mas correr de cursos do tipo inglês econômico;
· Manter a minha fama de vovozinha madrugando para caminhar, nadar, fazer yoga e cair de sono às 23h e pouco entre amigos e familiares;
· Entrar num projeto de montagem de Cabaré mesmo com ojeriza a musicais;
· Teimar em aprender a dançar e andar de bike mesmo com o gingado de um lápis Faber Castel e a coordenação motora de uma caneta BicFazer listas campeãs de inutilidades como essa...

domingo, dezembro 31, 2006

Como não podia deixar de ser, tempo de fechar p/ balanço

Este ano mudei de estado civil, de trabalho para emprego, de espaço de yoga e academia minúscula para um único local de prática esportiva maior e fashion, de técnica meditativa, de curso técnico para curso livre de massagem, de amigos, de nome usado profissionalmente, de cliente, de editoria, de opinião, de postura, enfim, só não troquei de sexo!
Como não aguentava mais fazer chá de alho pra matar lombriga, matei a vontade de gandaiar até dizer chega, conheci os bares que queria, as casas noturnas que estava a fim, vi os shows que namorava há tempos, recebi novas amigas de outros estados em casa, vi afastarem antigos colegas e aproximarem novos amigos.
Me senti viva de novo, dei uma segunda chance, deixei a culpa de lado, realizei fantasia de aborrescência, comecei a curtir os momentos fugazes felizes que deixava passar batido, comecei a me relacionar com as coisas e as pessoas sem esperar nada de volta, comecei a fazer as pazes com meu lado feminino, destravar o que bloqueei inconscientemente, iniciei a celebração da vida, relaxei no desconforto de que a profissão e a vida amorosa não são o que queria - ambos se tornaram melhores do que poderia sonhar, idealizar ou romantizar - fiz as pazes com Deus, desencantei com o budismo e voltei a cair de amores por ele, descobri meu contentamento adormecido.
Nunca estive tão dura, mas também nunca olhei tanto pra dentro, busquei meus silêncios, tentei criar meus espaços e me orgulho dos retiros Ioga dos sonhos, de yoga, de meditação do Osho, de tantra e para fechar o ano com chave de ouro, 72 horas de paz no CEBB, do sensacional Lama Padma Santen, responsável pelo meu primeio reveillon sem viajar e nem ficar deprê.
Pra coroar, encerro o último post do ano vibrando por saúde e paz de espírito para mim e todos que amam e com as frases que mais me tocaram neste ano:
"A vida é tão rara!" Lenine
"A vida é maravilhosa pra quem não tem medo dela" Chaplin
"Temos que ser a mudança que queremos no mundo" Gandhi
"Não há caminho pra paz, a paz é o caminho" Gandhi
"Estava tão obcecado em chegar que me esqueci de que era preciso caminhar" Paulo Coelho
"Temos que exercer a liberdade de não nos deixar envolver pelo que nos dizem, fazem ou sentem de negativo" Lama Padma Santen
"Onde estiver seu foco, lá estará sua energia" Nishok
"Seja o que for, deixa sair, você já guardou coisa demais aí dentro" Nishok
"Vá além da sua zona de conforto" Lama Tséring
"Relaxa no desconforto!" Prof de Yoga II
"A verdade é um caminho sem caminho" Khrishnamurti

sexta-feira, dezembro 29, 2006

Presentinho de niver

Ela também ama os palcos, estudou francês, assume os cachos, é libertária no discurso e na prática como poucos, lê Osho, curte Moda, encana com o peso e é pró educação alternativa, quase como a camarada que vos escreve, um pouco mais eu diria pois é a única amiga mais moderna que eu, bem no estilo do meu colega do trabalho: "século XXI pelamordeDeus!"
Antes de conhecer minha mais nova velha amiga - destas que parecem de casa embora tenham acabado de chegar, já gostava no descritivo e na imaginação, que nossa colega em comum "punha lenha na fogueira", intermediou nosso encontro via Orkut antes e pessoalmente numa noitada de Luluzinha inesquecível no Piratininga, do nosso bairro boêmio do coração, Vila Madá.
Faz suas próprias roupas e bolsas como ninguém, deve ser um arraso no teatro, dá aula de francês pra não perder o contato com a língua, vê filmes lado B, tem uma filhota com nome que fez história na MPB, dá oficina de costura na escola da rebenta, mistura estilos sem perder a graça, não dá muita trela ao que pensarão dela, me empresta livros que mudaram a sua vida e me fizeram sentir meio burra por empacar logo no começo, conferiu a Bienal comigo embora tenha perdido a paciência com a instalação da bolha de plástico que a criançona aqui quis subir... Até no apelido é diferente: se não me falha a memória, abraço em tupi. É única!
Como nem tudo é perfeito, tem o que minha avõ classificaria de "loucura mansa": furar quando combina com os amigos, nem disfarça quando não curte o programa como capricorniana típica e aos olhos de jornalista que já vai direto ao ponto no discuro e no texto, devaneia para contar suas histórias, todas boas, algumas impublicáveis que ninguém é de ferro e outras que parecem filme, mas dá vontade de viver parecido, nem que seja na imaginação. Também ama escrever, mas tem textos mais imperdíveis que os deste site e sopra as velinhas hoje, só que meu presentinho da geração blogueira não foi tão visceral quando o que ganhei virtualmente pouco mais de 20 dias atrás. Sorry, T, juro que tentei mas não fui tão orgânica, como diria minha primeira profe de teatro. Quem sabe ano que vem?

Presentinho de niver

Ela também ama os palcos, estudou francês, assume os cachos, é libertária no discurso e na prática como poucos, lê Osho, curte Moda, encana com o peso e é pró educação alternativa, quase como a camarada que vos escreve, um pouco mais eu diria pois é a única amiga mais moderna que eu, bem no estilo do meu colega do trabalho: "século XXI pelamordeDeus!"
Antes de conhecer minha mais nova velha amiga - destas que parecem de casa embora tenham acabado de chegar, já gostava no descritivo e na imagnação, que nossa colega em comum "punha lenha na fogueira", intermediou via Orkut antes e pessoalmente numa noitada de Luluzinha inesquecível no Piratininga, do nosso bairro boêmio do coração, Vila Madá.
Faz suas próprias roupas e bolsas como ninguém, deve ser um arraso no teatro, dá aula de francês pra não perder o contato com a língua, vê filmes lado B, tem uma filhota com nome que fez história na MPB, dá oficina de costura na escola da rebenta, mistura estilos sem perder a graça, não dá muita trela ao que pensarão dela, me empresta livros que mudaram a sua vida e me fizeram sentir meio burra por empacar logo no começo...
Como nem tudo é perfeito, tem uma espécia de psicose razoavelmente tolerável de furar quando combina com os amigos, nem disfarça quando não curte o programa como capricorniana típica e aos olhos de jornalista que já vai direto ao ponto no discuro e no texto, devaneia para contar suas histórias, todas boas, algumas impublicáveis que ninguém é de ferro e outras que parecem filme, mas dá vontade de viver parecido, nem que seja na imagincação. Ah sim, também ama escrever como yo e sopra as velinhas hoje, mas meu presentinho da geração blogueira não foi tão visceral quando o que ganhei virtualmente pouco mais de 20 dias atrás.

sábado, dezembro 16, 2006

Fechada pra balanço?

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre à margem de nós mesmos." Fernando Pessoa
Não podia ter me dado presente maior no fim do ano que o grupo Tantra Caminho do Coração. É um reaprender a se conectar com o sensitivo, o sensorial e o feminino - meio deixado de lado para que mostrássemos nosso valor no mercado de trabalho, sob pena de perder a familiaridade com o intuitivo tão natural em nós. Foi a primeira vez em que voltei sem palavras e ao contrário dos outros, sem ver a hora de por tudo no papel. É que todas as denifições e conceitos são poucos para dar a amplitude de como é transformador. Voltar é se perguntar como todos continuam dormindo, é comprovar que o sentido da vida passa pelo caminho espiritual, de auto conhecimento e também por tudo pra fora pela cultura. E cada um chega às suas próprias conclusões do que é essencial para não perder de vista o quando a vinda é maravilhosa, com letras maiúsculas e separação de silabas. Por mais que se descreva, as palavras são tão poucas. Dizer que foram feitos exercícios de relaxamento, afetividade, descontração, massagem e respiração não dá idéia de como a energia com a qual entramos em contato é ampla, divertida, apaziguadora, especial, reconfortante e inebriante. O nome não podia ser mais apropriado: é fazer as pazes com o sentir, com o que aquele órgão dentro do peito pede e não ouvimos. Como guardamos sentimentos inconscientemente! Graças aos terapeutas adotei o lema "Seja o que for, deixa sair/ você já guardou demais/ isso te faz mal". Quanta amorosidade! Ô saudade boa!
Voltei num estado de encantamento, de querer sentir, por para fora, amar, perdoar, ter compaixão, paciência, tolerância... Dava a impressão de que nada levaria embora este bom humor - mas que nada, a conjutivite confirmada e os sete dias de "claustro" na marra me deixaram arrasada. Nada de confraternização de fim de ano, dançar, meditar, ver os amigos, trocar massagem, fazer yoga, pilates, meditar... Não posso beijar ou abraçar que este catzo passa! E como é que tem gente que diz: que legal, você ficará de repouso! Não são férias que você curte feliz e contente! Concordo com aquele diretor de cinema e teatro alemão Fassbinder "quando morrer, descanso". Mas o consolo é aplicar o que a antiga prof de yoga recomendava: "entrou em contato com uma emoção, aceita que ela se esvai. Se negar, toma proporções maiores do que merece". Momento de emputecer e não me venha pedir calma, que no momento não é possível!
Mudando de pato pra ganso, nunca tinha bebemorado tanto meu niver: quatro dias seguidos! Uma delícia! Como dia uma amiga que faz ainda ter orgulho do ser humano [+ sobre lea no fim deste post]: "hoje eu só tenho a agradecer" pois comemoramos aniversário também pelos que não gostam de ficar mais velhos. Concordo com meu finado avõ, uma das pessoas mais animadas que já conheci: "se não quiser morrer tem que envelhecer". Depois de tanta farra, fechei para balanço. Como era de se esperar no primeiro niver livre, leve e solta, o quórum foi muito menor, mas ao menos quem compareceu é ponta firma mesmo e pela primeira vez ganhei meia dúzia de presentes que estes sim, têm tudo a ver comigo. Uma solidãozinha e angústia me espreitaram lá pelo quinto dia de bebemorações. Acho que me aborreci por ter gasto $ e a parentada ter furado, ter acreditado que os primos chamariam os tios e ainda não ter aprendido que quase ninguém cumpre o que diz. Percebi que preciso atingir o meio termo entre não grudar demais na família ea ponto de dar choque e nem afastar demais e esfriar de vez pois na hora do "vamo ver" são eles que estão lá firmes e fortes. Daí a gente aceita a emoção não muito agradável e ela se esvai! Não dura nem meio dia! É porreta a técnica de acolher o que não queremos sentir, evapora feito fantasma de filme de terror de quinta.
Quero terminar registrando o quanto admiro duas amigas mais que guerreiras, que merecem aquele slogan "sou brasileiro e não desisto nunca": uma delas está na Amazônia, fazendo um trabalho voluntário de comunicação comunitária com a ONG Saúde e Alegria. Vendo as fotos no http://chuchuzinha.blogspot.com/ até dá vontade de fazer as malas e me dar um período sabático. Ok, quando ela conta da adaptação aos bichos e insetos este desejo passa (rs). Não, ela não é rica, nem conta com paitrocínio: seus bens se limitam a um colchão e uma mala de roupas e trabalha apenas para fazer sua reserva e viajar na seqüência. Provavelmente será como ela prevê: aos 40, 50 terá as melhores histórias nas reuniões de amigos, mas provavelmente nenhum carro, nenhum apê. Admirável! Como se não bastasse esta atitude extraordinária é boa fotógrafa, prof de yoga, jornalista, amiga, budista, coração de ouro...
Outra brazuca que dá gosto é minha ex estagiária, que está se formando e - pasmem - não vai para nenhum programa bam bam bã de trainee. Conseguiu aprovação para seu projeto de revitalização de cortiços no litoral e está batalhando para conseguir com uma rifa de cesta natalina os restantes R$ 800 que lhe faltam para por a massa rumo a um mundo melhor. Caso posso ajudar esta empreitada com a bagatela quantia de R$5, visite: http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=701280589567839436, ligeiramente desatualizado, mas com uma ode à mudança no perfil que vale a navegação. Fuerza siempre!
Dei o registro do quanto acho as duas incríveis por nunca deixar de acreditar que de notícias boas também se faz o mundo. Em tempo: estudarei em 2007 para dar aula de yoga, depois de ouvir de dois ex chefes que sou zen demais pra comunicação e não deve ser à toa que ambos recomendaram esta prática de auto conhecimento e a massagem. Com este último só consegui permutas: mas o que pode ser mais delicioso que fazer alguém dormir com o toque das mãos? Ainda me encanto com o jornalismo e suas possibilidades em comunicação interna, terceiro setor, políticas públicas... Mas só ele não dá conta da minha ânsia de sorver a vida em grandes goles. Ainda tenho sim, a pretensão de abraçar o mundo...

terça-feira, novembro 28, 2006

De como ganhei difamação internacional no início de uma semana sem pé nem cabeça

Para entender esta tentativa de direito de resposta: http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2006/11/061124_ivanlessa.shtml

Ivan Lessa chama de amor a divulgação de novidades, mas este tipo de sentimento parece ser construído ao longo de anos e não faz nem seis meses que divulgo notícias para ele, tempo insuficiente para uma relação tão profunda. Ivan Lessa podia me ensinar a beijar a terra em que alguém pisa virtualmente, não para usar a técnica com ele, mas com pessoas com um pouco mais de bom humor. Vivo sem Ivan Lessa há quase 29 anos e espero continuar assim. Ivan Lessa não sabe que no meu caso, muita paixão é traduzida em muito silêncio, que advém de uma timidez que só conheço nessas horas mais palpitantes, mas não as encontro no trabalho, grazie a Dio! Ivan Lessa sabe que pode me enviar um e-mail solicitando a exclusão do meu mailing, mas parece estar sem assunto menos batido que o Spam neste fim de novembro e para confirmar o talento jornalístico em encher linguiça, inclui no texto nem meia dúzia de dados sobre este problemaço contemporâneo tecnológico. Ivan Lessa parece não saber que distância para mim é o que me impede de conhecer os lugares mais adoráveis e mais caros do planeta. Ivan Lessa parece se fazer importante detonando o próximo, muito parecido com aquele humor fácil de teatro barato. Ivan Lessa não pode conferir minha agenda de divulgações com datas em branco – aparentemente por estar a 9 mil Km de distância ou mais, prova de que às vezes não inundo a caixa postal dele só aos finais de semana. Presença indispensável é a da capacidade de rir da própria desgraça, para se divertir com episódios tão tragicômicos quanto este. Ivan Lessa não tem como saber que acredito em silêncio e o busco na meditação fora do horário comercial. Ivan Lessa deve achar que o não comparecimento é muito pouco para dar vazão à um bate boca antigo e já batido entre assessor e repórter. Ivan Lessa não tem forma, rosto ou corpo para esta que vos fala, logo não pode despertar desejos além dos profissionais corriqueiros de sempre. Ivan Lessa não parece ter um espírito apaixonável pelo pouco que conheci nas últimas 24 horas. Ivan Lessa não pode solicitar a exclusão do recebimento de e-mails que não interessa ou prefere usar o espaço nobre de que dispõe para exercitar sua capacidade de preencher espaço sem dizer quase nada. Ivan Lessa não revela qual a primeira profissão mais comum no Brasil eletrônico. Ivan Lessa consta como parte dos jornalistas cadastrados no banco de dados Comunique-se e provavelmente também no concorrente deste MaxStress, o que expõe qualquer profissional que escreve a inúmeras mensagens não desejadas, mas que podem ser evitadas, informando aos pobre coitados que atualizam estes sistemas que NÃO concordam em incluir seus e-mails nestas vitrines, como o site do mundo publicitário Blue Bus faz. Ivan Lessa reforça como chata sua própria natureza brazuca, mas parece estar distante demais para rotular seu país de origem. Ivan Lessa também parece não se importar em gastar linhas e mais linhas com seus problemas pessoais no acesso a seus e-mails. Ivan Lessa é superficial na descrição de como assessor de comunicação pode alienar com o envio de e-mails que podem ser pura e simplesmente deletados ou bloqueados. Ivan Lessa também ter má vontade de enviar um e-mail ao remetente das mensagens indesejadas informando que não cobre aquele assunto e sendo – simples assim – não importunado para todo o sempre, como manda o código de ética da profissão que tem mais ego que gente. Ivan Lessa também não parece precisar de organização e critério para desperdiçar uma coluna inteira com o que parece ser revolta contra o fog ou clima depressivo londrino, descontado no primeiro nome encontrado numa caixa de e-mails lotada não apenas por mim. Ivan Lessa parece ter escolhido a dedo nem meia dúzia de números para classificar a coluna como pauta e não falta do que cobrir. Ivan Lessa parece ter tão poucas opções de inferno particular para me selecionar como o maior deles. Ivan Lessa é tão desnecessário à continuidade da vida cotidiana que se não me concedesse espaço num país que assassina conterrâneos no metrô para depois perguntar, provavelmente nunca repararíamos na existência um do outro. Ivan Lessa parece ter refinado sua capacidade de gostar de pouca coisa morando fora, com um ar de Diego Mainardi. Ivan Lessa podia dar mais detalhes da receita de Francine Brandão cortada e cozida, para que o preparo não desande pelo caminho. Ivan Lessa deve ter um filtro de quinta para que qualquer disparo de e-mail fure este critério de seleção de mensagens, ao que tudo indica, eficiente para todo o resto da humanidade. Ivan Lessa parece ter uma saúde mental facilmente irritável e comumente abalável. Ivan Lessa me proporcionou meus 15 minutos de fama prometidos por Andy Warhol para além destas fronteiras e me feito extrapolar em meu treino budista de exercício da paciência e tolerância. Obrigada Ivan Lessa.

terça-feira, novembro 21, 2006

Branca de alma multicultural

Não sou a típica brasileira estereótipo: nas duas únicas vezes em que saí do Brasil me pediram para sambar, jogar futebol e provavelmente devem ter estranhado a falta de buzanfa, que nascer sem retaguarda de parar o trânsito aqui é um pecado capital. Só fui para fora até a Disney - uma, com passagens ganhas em festa de fim de ano na empresa e a outra, trabalhando. Quando puder escolher certamente não visitarei este país, que já impõe sua cultura suficiente - praticamente não há o que se descobrir por lá. Mas enfim, descendo do palanque que este não é o propósito deste post, sempre me senti meio alienígena por não ter samba no pé, molejo, não ser gostosa de parar o trânsito, enfim. Mas neste finde dei vazão aquilo que chamam branca com alma negra. Imagino que tenha um pé na cozinha, embora os negros da família tenham vindo por casamentos e não oficialmente - com esta boca que em risadas quase engule os brincos e um cabelo domado à base do bendito ativador de cachos Paul Mitchel, não posso negar as origens. Como sempre quero chorar ouvindo ou vendo qualquer coisa relacionada à umbanda e candomblé, além de sentir batuque afro dentro do peito - sinal claro de reconhecer sua origem negra, de acordo com minha prima historiadora que está dando aula lá da terra dos escravos - algo forte me liga ao maior continente do planeta. No domingo fui ver um concerto de música africana no Museu da Casa Brasileira, não resisti e ensaei dançar naquele jardim lindo. E segunda fiz uma oficina de dança afro brasileira - amei mas não reparei que durava quase duas horas e minhas pernas ainda se ressentem disso. Nos finalmentes parecia que estava até sambando - justo eu com tanto gingado quanto uma caneta Bic! Tudo para entrar no clima do dia da Consciência Negra? O prof tem razão: há raízes fortes dentro de nós que raramente deixamos vir à tona. Aproveitando a deixa, além de achar uma pena não ter tido aula sob o ponto de vista negro, também queria saber o que acharam os índios do descobrimento e a invasão do Brasil, mas catzo! A história é sempre contada pelos vencedores, uma lástima!

Fran sensível X Fran general

Desde o retiro com o pessoal do Osho, quando me pediram para prestar atenção ao lado masculino - tagarela, ativo, que quer entender e classificar tudo e no feminino - contemplativo, tranqüilo, que quer sentir e não racionalizar, acho que este último tem vindo à tona com mais freqüência. No penúltimo feriado fui doar sangue - pô, faz mais de um ano que não faço trabalho voluntário semanal como antes e só doei duas vezes, apesar de sempre pegarem a veia fácil e a bolsa encher rápido. Pela primeira vez o sangue coagulou, entupiu a bolsa e a mulher do Pró Sangue teve que interromper a doação. Perguntei se queriam pegar o outro braço, mas como já tinham pego 64 ml, só podem retirar 450 ml de mulheres, passariam do máximo que meu sexo frágil pode doar. Achei que parar a doação dói mais que doar quase meio litro. Não entendi ao certo qual a razão, mas a dor certamente não foi: só sei que comecei a chorar. Puta vexame! Perguntei se havia algo de errado - ignorância biológica, diga-se de passagem - mas não, disseram que minha coagulação é muito boa. Lembrei da última operação do olho, quando tomei remédio para cicatrizar mais devagar. Mas ainda continuei com dificuldade de parar de chorar. No dia seguinte, quando voltava da acupuntura, um carro ficou devagar quase parando na minha frente e o caminhoneiro soltou aquela buzina de acordar qualquer um na estrada atrás de mim - fiz aquele gesto bonito da janela, mas quando parei no farol ele ficou me xingando e perguntando se queria tomar umas - porradas, imagino. Fiquei olhando minhas agulhinhas sem responder ou olhar, sem saber se estava no caminhão ou na minha janela, pensando: "vai fia, quem é que se considera tão calma no trânsito e critica o colega que quase tomou um tiro e é caminhoneiro ignorante? Aprendeu ou vai precisar de outro susto?" Pouco depois cheguei em casa com vontade de chorar, quase abri o bocão, mas desta vez segurei insconcientemente. Ainda é um estranhamento quando o feminino toma o poder, pois ele é um banana e meu pai me fez ser general a vida inteira - me mandava parar de chorar quando caía e arrancava dente de leite mole com alicate, mas como dizem as irmãs dele, é um cavalo de coração bom. Será que um dia acostumo? Em tempo: quinta a general foi racional o suficiente para por fim a uma historinha que me fazia bem, mas era uma canoa triplamente furada que me levaria pro fundo do poço em breve, com tudo, absolutamente tudo pra dar errado. Preferi investir na amizade que está se tornando algo mais, com afinidades espirituais e culturais. O que terminei é uma graça, mas conteúdo que apetece mais que aparência. É ou não é pé no chão demais para uma mulherzinha? Para contrariar meus planos, sábado fui atropleada por um colega que jurava que era gay e reafirmei meu encantamento por outro que aparentemente não caiu nas minhas graças. Decididamente estou fazendo a reforma agrária do meu coração - sempre parece caber mais um, mas neste caso não sei se meu lado banana ou general mandam mais...