Meio zen, meio descompensada
Para alegria dos meus primos catequista e coordenadora da Pastoral da Juventude, nunca tive tanta fé de que Deus escreve certo por linhas tortas. Verdade. Meu último trabalho estava cutucando demais minha gastrite, insônia, prisão de ventre e afins. Nunca acreditei tanto que para abrir uma porta Ele tem que fechar uma janela e que não dá o que quero quando peço ou como sonho, mas quando realmente preciso. Passei meses atrás de coisa melhor mas só quando saíram comigo de lá começaram a aparecer entrevistas. Pela primeira vez na vida não estou teimando com o que sempre quis e vencida pelo cansaço, falo para Ele: "fui muito atrás do que sempre sonhei, não rolou e pela primeira vez acredito que devia ser melhor para mim dessa forma. Mas fazendo o que não sonhei, desandou também. Quer saber? Faz aí o que for melhor para mim! Definitivamente não faço idéia do que seja... "
Apesar de acreditar em tudo isso, ando mais gangorra que nunca. Credito esses altos e baixos à falta de várias coisas: yoga e natação (o médico pediu apenas um longo mês sem exercícios), do centro budista (sem dirigir e dependendo dos outros, não encontrei caronas tão dispostas), do psicólogo (mesmo problema de não terem me liberado o volante) e da acupuntura (ainda o afastamento temporário do carro mão na roda). Bem que o namorido fala que ainda vou rasgar os olhinhos para me "orientalizar" de vez. Passo o dia meio zen e meio descompensada, numa hora com fé de que volto ao batente rápido e outra deprê por tantos entrevistadores "terem gostado de mim e prometido retorno", mas até agora só meus pais e meu namorido me ligam...
E não me venham com essa história de correr atrás do que gosto! Faço isso há tanto tempo que já estou com a língua de fora de tão exausta! Agora vou atrás é do que dá grana, já estava mais do que na hora de ser mercenária e capitalista com tantas contas chegando após o casório. A profissão serve para isso também! Quem disse que nossas reportagens mudariam o rumo do mundo? Já tenho boas histórias para contar quando me aposentar dos tempos de rádio, TV, jornal, revista, site e agência e aperto total... Nas horas vagas faço minhas videorreportagens de cultura e terceiro setor que tanto gosto. Sem ter que ouvir pedidos de aborto da pauta por contrariar interesses dos anunciantes/ acionistas/amigos dos donos...
Estou me sentindo como a personagem da Juliana Paes no filme Mais uma Vez Amor, quando confessa ao namorado de idas e vindas: "não li todos os livros que queria, não ouvi todas as músicas, não dancei todas os ritmos, não conheci a Patagônia, quando morrer não farei nenhuma diferença". Não se assustem! A maturidade deve ser isso, um misto de pé no chão realista com amargura de não chegar tão longe quanto se sonhou... Daqui a pouco a balança pende para um dos extremos, mas volta, não tem problema...