Desabafos de uma jornalista, aspirante a atriz, shiatsuterapeuta e professora de yoga...

quinta-feira, julho 13, 2006

ÚNICA AMIGA POETA COM LIVRO PUBLICADO DESTA QUE VOS FALA...

... favor comparecer ao balcão de informações! Porque o que escrevemos na fossa é muito mais bonito que no auge da euforia? Seria a síndrome do poeta frustrado sofredor?! Sempre que a gente edita uma poesia escrita tempos atrás somos compelidos a melhorá-la? Você se disponibilizaria a revisar e por este blog em formato de livro? Please, não me diga que continuo no estilo deprê clariciano que tomarei Prozac ou me atirarei da ponte perto de casa - de onde só consigo, no máximo, uma leptospirose e olhe lá... Perdão pela piadinha infame!

Balada do Aborto Sentimental

Não chorei a perda do amor maior/ Porque lamentaria a morte da paixão fugaz?/ Não me dou o direito de sofrer/ havia pedido pelo sentimento avassalador/ Que não se segura nem no primeiro dia/ Que a cada novo encontro, transborda de novo/ Mas sentia que não era duradoura e nem confiável/ que era boa demais para ser verdade/ que se não tivesse meia dúzia de gatos pingados como testemunhas/ jurava não ter passado de sonho/ Nos primeiros dias lembrava/ e sentia borboletas no estômago/ Mas tinha que me esforçar/ para lembrar do seu rosto/ Nas semanas seguintes, o frenesi diminuiu/ Me perguntavam se sentia saudade/ e eu não encontrava isso em mim/ a areia estava escorrendo pelos dedos/ Brincar de esconde esconde/ Era engraçado e irritante/ Correr atrás sozinha/ confesso, dava preguiça e cansava a beleza/ despertada há tão pouco/ E com tudo remando contra a maré/ Me flagrava com sonhos de quem/ quer algo mais, ir além/ E estranhamente não precisava/ e nem cobrava entrega à altura/ Era como se o renascer/ de sensações adormecidas há tempos/ me bastasse e me suprisse/ De repente essa névoa de expectativas/ que vão e vem como o mar/ é abortada/ Ou fica no ar/ Sei que isso pode ser o fim/ Ou não há de ser nada não/ Não encontro lágrimas por nós/ Não existe perda quando mal há história/ É que a velha chama reascendeu e não há de se apagar mais/ Com ou sem você

Renascendo

Renascer para o que estava esquecido/ Me fez sentir viva de novo/ Desabrochar para o que estava adormecido/ Me rejuvenesceu anos, tantos/ Sentir borboletas no estômago/ Além de ser um clichê, é emergir/ É fazer vir à tona/ Sensações afogadas, dispersas/ Ser incapaz de segurar o riso/ De conter a esperança e a imaginação/ Me iguala à mais sonhadora das mulheres/ Me nivela a quem sonha alto/ Me faz voar longe/ Me tira do piloto automático/ Me faz fugir do dia-a-dia mecânico/ Me põe além das obrigações, necessidades e sobrevivência/ Me deixa acreditar ir além/ Dar mais, romper as amarras/ Ir além dos limites, passar das medidas/ A incerteza, a dúvida e o medo/ Não me põem mais rédeas/ Me atiro feito trapezista/ Sem garantias de que a rede de proteção me contenha lá embaixo/ Não me permito evitar romper a barragem/ Desisto de conter o que estravasa/ Ainda estou tateando no escuro/ Mas a paixão me basta e me aquece/ Foi reacendia e se recusa a parar de queimar

O DEPARTAMENTO DE RELAÇÕES EXTERIORES DESTE BLOG ADVERTE:

A censura foi suspensa porque já tem sido um desafio e tanto não falar demais e é uma violência sobre humana não escrever demais, porque o corpo é escravo, mas a alma é livre, sou proletária mas minha alma é artista. Aviso aos convencidos desavisados de plantão dando sopa por aí: as poesias que serão publicadas a seguir NÃO TEM NADA A VER COM VOCÊS, TÊM A VER COM A AUTORA DESTE BLOG. É, você mesmo, pode descer do pedestal se a carapuça serviu e desinflar o balão de gás do ego. Sinto muito, mas há um ciclo que precisa ser finalizado com minhas modestas tentativas literárias. Ah, sim, os incomodados que se retirem porque a porta da rua é a serventia da casa e ESTE É UM BLOG DE E PARA AMIGOS! Pois não senhora? Gracias! Servimos bem para servir sempre! Voltem mais vezes!

Sonhos de Pobre

Você não tem os seus? Que bom, já está no lado de lá da fronteira social. Puxa, se EU não aguento mais dizer que não tenho $, imagine quem escuta! Por essas e outras, reclamar de $ é uma atitude que será extinta de minha nada pacata vidinha. Os meus sonhos de pindaíba convicta são: morar perto do metrô a ponto de ir a pé para ele, morar longe de divisa marcada por rio fedorento, me distanciar dos provincianos da Ilha de São Caetano do Sul (confesso, odeio a síndrome primeiromundista deles, mas falemos disso noutro post), morar em apê com sacada que caiba uma rede - não vale um porta pé, morar em prédio com elevador e espelho, ter ticket refeição, não me negar meus pequenos prazeres como shows, bares, peças, filmes, livros e CDs porque a conta não ajuda, ter um som razoável no carro que espera por isso há 3 anos, um Ipod, uma câmera fotográfica digital... Enfim, parar de passar vontade no Ching Ling da Paulista, onde se localizam os melhores preços de eletro eletrônicos desta cidade. É colega, a encomenda que faria nessa sua viagem para NY vai ficar esperando o 13o e a Caixa Econômica liberar um FGTS preso há 5 anos O que pode ser mais desaforento que receber uma cartinha periódica desse banco avisando que tenho 700 e pouco lá, mas NÃO POSSO SACAR PARA COMPRAR PINGA SE QUISER PORQUE É MEU MAS PERAÍ, NÃO É BEM ASSIM... VAI COMPRAR CASA? FOI MANDADA EMBORA? ESTÁ MORRENDO DE AIDS OU CÂNCER? TEM 3 ANOS SEM REGISTRO? SE NÃO, PASSA MAIS TARDE! É UÓ! Ok, a pausa para reclamações da burrocracia brazuca e devaneios econômicos nada zen acabou!

A Parte Mais Doída da Partilha

Não, ao contrário de quem acha que é o bolso que dói quando um dos lados acha que não dá mais, tenho mesmo é dó do Bidu, meu filho canino. Pô, o que posso fazer se foi tratado que nem criança, se vejo que gosta de mim, do antigo fófis e de ambas famílias? Minha amiga quase irmã de profissão, religião e paixão pela yoga me aconselha a deixá-lo com o lado de lá nesse espólio, mas tem me feito tão bem chegar cansada e estressada com o trânsito e encontrá-lo, brincar e esquecer todos o cansaço e stress. Ao mesmo tempo me pergunto se ele sofre muito pois estava acostumado com a família do antigo fófis sempre por perto - meus pais pegam ele para passear enquanto estou trabalhando, mas não têm ficado muito tempo junto porque estão reformando o apê e bem, dizem que cachorros se parecem com os donos, se o meu espirra com cigarro como eu, como resistirá ao pó da troca de piso? Também questiono se é melhor ficar com avó o tempo inteiro como antigamente, sabem que elas mais estragam que educam. Antigamente ele sempre fazia as necessidades na área de serviço, embaixo da janela da cozinha e de acharem bonitinho que fizesse nos panos do banheiro da banda de lá, agora não posso deixar o meu espaço de necessidades fisiológicas aberto com um tapete dando sopa que o abusado vai lá se aliviar! Isto desanda com qualquer faxina semanal da minha santa diarista! Ao mesmo tempo abrir mão do Bidu seria admitir que sou uma péssima mãe, que não dá conta do baby de tanto fazer 393128123 atividades, o que não é de todo verdade, passeio todas as manhãs e noites, dou a comida úmida que tanto gosta... Como saber se um bichinho tão encantador que só se comunica pelo rabinho e olhos está sentindo falta dos paparicos de antigamente? Socorro veterinários! Se fosse uma mãezona de coração, talvez deixasse o Bidu lá, para sempre ter companhia, mas não sei até que ponto isso realmente é o melhor para ele e se não sofrerei demais com mais essa perda... Não dá pra agir toma que o filho é seu, eu também amo o Bidu. Sei que tem gente que vai ler e duvidar, mas como na época em que minha mãe era do lar e voltou ao batente, devo ter sofrido, mas continuo apostando mais em maior qualidade de tempo junto do que quantidade de horas compartilhadas... I´m sorry, but... "Eu só queria te dizer... Que Aquela Dor Já Passou" Paralamas

Filha única com Mãe Chantagista

É, eu devo ter dançado atoladinha na mesa da Santa Ceia mesmo. Mais provas de que Deus tem senso de humor negro: eu me separo e minha mãe é que vai pro psicólogo. Quando disse que voltaria pro meu antigo terapeuta, após entrevistá-lo para um freela e ele me oferecer o retorno por preço simbólico, me deixando sem alternativa (tenho preguí de análise, a bem da verdade), tive que ouvir da minha progenitora:
- É, volta mesmo, não é normal ficar forte assim!
Tenho que ouvir que não páro em casa praticamente desde minha aborrescência. Hello! Se não sossegava solteira, casada, porque me tornaria caseira separada?! Além do mais não tenho mais nada a ver com a mulher que montou essa casa - queria mudar tudo, parede, móveis, cores, apê, bairro, roupas, mas só tive $ para abastecer o guarda roupa com três peças indianas da 25 de Março. E como ter vontade de voltar para casa com a mãe ligando ou vindo aqui dizer:
- Eu vejo as coisas que fizeram juntos e não me conformo que não deu certo!
Ainda ouvi que tentei pouco - mas porra que medida é essa se o pápis acha que tentei até demais? Pior mesmo foi a fatídica pergunta quando me viu animadinha com a luz no fim do túnel amoroso que parece ter acendido novamente:
- Você acha certo?
Apesar das minhas tias me pedirem paciência, porque ela é do lado sensível até demais da família, nesse dia mandei praquele lugar, confirmando a descendência estúpida do pápis. O que é que é certo? Ficar junto e infeliz? Bem, gente essa é minha mãe: chegou a me ligar zilhares de vezes na madruga durante a balada até que ameacei vender meu apê e morar mais perto da civilização e ela sossegou um pouco, mas ainda dá seus conselhos devezemquandários às 2 ou 3 da matina via celular:
- Não bebe! Não vem tarde que a rua é um perigo! Não sai com quem você nunca viu!
Como é que pode não confiar que nem um pouco da educação que me deu pelo menos 25 anos tenha impregnado um pouco em mim? Duvido que alguém tenha uma vida mais parecida com seriado cômico do Sony que eu...
Devo confessar que no último sábado desconfiei que talvez ela tenha razão para tanta preocupação: como sempre, voltei sozinha do niver de uma amiga, cruzando a cidade quase duas da matina. O que posso fazer se minha amigas livres, leves e soltas moram lá na casa do Chapéu, tenho dó de dormir lá e deixar o Bidu, meu filho canino sozinho e a vizinha de prédio ficou de me encontrar e deu o cano? No farol da frente da Igreja de São João Clímaco - algum católico de carteirinha pode me explicar que santo é esse? Bem, duas motos estavam na minha frente. Lembrei que o antigo fófis sempre dizia que motoqueiro com gente na garupa era suspeito e milagrosamente fiquei esperta - porque no geral só me toco quando tenho que dar a grana que nunca tenho. Um deles desceu da moto e veio em minha direção. Instintivamente dei ré e ele correu. Como um caminhão empacou atrás de mim, parei, mas o farol abriu e fugi correndo de carro desse estranho que desceu da moto e correu pra perto do meu carro. Coisa boa é que não queria em plena madruga. Nessas horas acho uma judiaria ter parado a capoeira porque adoraria dar uma benção nele, mas como poderia me defender com esse corpitcho contra 3 ou 4 motoqueiros? Mas meu santo é forte, escapei e só conto isso aqui porque meus pais nunca leriam meu blog - são anti tecnologia demais para isso. Será que minha prima irmã tem razão? Abuso demais do meu anjo da guarda? Não acho que posso parar a vida por causa da violência, do PCC ou raio que o parta, o que tiver que me acontecer, vai rolar dentro ou fora de casa e ao contrário da mamma chantagista, eu rezo e confio. Talvez até demais.

Operação de contenção ao aspirante à pança

Devo confessar que odeio o clima das academias médias e grandes. Não suporto aquela música alta, agitadíssima e o professor pedindo para ir mais rápido, como se estivesse fazendo corpo mole, quando na verdade o ar não entra mais em meus pulmôes. Periodicamente entro no site das redes cujas mensalidades são impagáveis por razões que fogem à minha compreensão - devo ter um lado mulherzinha típica que sonha em um dia malhar numa Runner - só por causa da variedade de aulas matutinas ou numa Competition - só pra fazer aula de circo. Mas como áutêntica jornalista, devo admitir que sou uma mulher do povo e amo os pobres e oprimidos. Por exemplo, faço yoga tibetana na Casa Tibetana, em São Caetano. O que pode ser mais adorável que ajudar a manter uma prática que corre o risco de extinção, mas nem mesmo minha profe e seu mestre parecem se importar muito com isso? Nem ao bem estar indescritível que os ásanas, exercícios respiratórios e meditações que recebo ali desperta nos dois algum apego. Quem sabe um dia chego nesse nível... Na semana passada lembrei de Deus e o mundo que amo e enviei mentalmente aquela sensação para um por um. Que lugar abençoado! Dá vobtade de dormir lá! Não me lembro mais como era, mas é aconchegante como útero de mãe. Pilates na bola faço uma academia deste tamanhinho na Aclimação, onde a maior parte dos alunos busca bem estar como eu ou se recupera de lesões com tratamento mais personalizado que nas Companhia Atlética da vida. Comecei ginástica aeróbica no CEU perto de casa - mais povão que se exercitar na beira do rio fedorento, impossível. Amanhã faz uma semana que comecei a Operação de Contenção Ao Meu Aspirante à Pança. Não, não sou gorda. Aliás se fosse, até toleraria a minha barriga promissora. Mas não dá pra ser magra e relevar que estou ficando com barriga de balzaquiana um ano e meio antes de cruzar a fronteira dos 30! Estou tendo uns surtos de vaidade e me estranhando ultimamente. Tenho me esforçado para fazer a famigerada depilação de verilha. Sempre disse que tinha pelos muito finos na perna e que não precisava depilar, mas há poucos dias me peguei olhando para essa região do meu corpo e questionando: "como assim não precisa? Como você tolera esses pelos odiosos?" Por essas e outras comecei caminhadas power no bairro em que moro. Às vezes enfio o pé na jaca, como na segunda, quando um casal de amigos me encontrou - sou distraída demais para perceber quem passa por mim quando me exercito ao ar livre - me chamou e fui obrigada a comer pizza com eles. Mas estamos na quarta e já caminhei três horas neste meio de semana! Ainda namoro a idéia de fazer body balance no SESI São Caetano. Eu amo o clima de clubes, SESIs e Sescs. Graças a eles, se Deus quiser nunca porei os pés numa academia com mensalidades exorbitantes. E provavelmente nessa agenda entupida, quem vai rodar é a ginástica aeróbica, que é o menos atrativo de todos. Ah! Ainda me inscreverei para a oficina de tecido gratuita de Sâo Bernóia. Morar perto do ABC tem suas vantagens. Se conseguirei vaga são outros 500. A parte que me cabe neste latifúndio é tentar, pois ainda sonho em subir e descer daquele tecido encantador, mas quando tentei no ano passado escorregava feio por falta de força. Vamos ver se agora não dou um jeito nessa barriga intolerável!

quarta-feira, julho 12, 2006

Técnico ou curso livre, heis a questão

Há quatro meses comecei o técnico de shiatsu e acupuntura no Colégio Brasileiro de Acupuntura, lá na Liberdade. Alternamos finais de semana de aulas ocidentais - essas são quase moleza, o córtex cerebral ajuda e resgato minhas antigas paixões por anatomia e genética da época do vestibular. Tudo ia bem até chegar a Cinesiologia - estudo dos movimentos. A apostila é praticamente grego. Na verdade, foi a primeira professora otimista que encontramos. Desabafei que era impossível decorar tudo aquilo, mas fui tranquilizada:
- Vamos repetir tanto tudo isso que vocês vão decorar por osmose!
Ufa! Suspiros de alívio.
Argumentei que não tínhamos condições de entender toda a teoria sem praticar, ainda mais para alguém que como eu vem da comunicação, área em que estudamos colocando a mão na massa e que não decoro e nem compreendo o que não pratico. Também ouvi um consolo e tanto:
- Essas apostilas todas vão fazer mais sentido quando vocês forem para o estágio prático no ambulatório!
Ela foi a primeira a nos fazer por um pouco a mão na massa. Amei! Nos fez testar e encontrar nos colegas de turma os ossos, acidentes ósseos, músculos, tendôes e afins. Mas confesso que tive receio de caprichar na pegada e machucar o próximo, afinal quero levanta conforto aos outros e não deixar recuerdos doloridos da prática no decorrer da semana. Também devo admitir que não, não consegui encontrar nenhuma costela e muito menos espaço entre elas logo abaixo do ombro - parece que nós mulheres só temos peito ali. Me empolguei tanto que na segunda sentia dores entre o indicador e o dedão das mãoes e olha que nem pareceu que praticamos tanto assim. Ah, mas temos os finais de semana com aulas orientais. E medicina tradicional chinesa é praticamente russo. Como assim uma pessoa guarda raiva, que tem a ver com o fígado e fica com conjutivite? E as cores, estados de espírito, estações do ano, clima, emoções, que influenciam cada doença? E o fígado controlando a menstruação? Como compreender relações não óbivas constatadas em uma época em que não havia nem cirurgia e nem microscópio?
Não sei se por estar numa fase de total mudança - de paixonite, emprego e centro budista -, questionando até o que não devia, começo a desconfiar que me encontro empacada no mesmo impasse que vivi com o teatro no ano passado: eu amo, mas precisava me dedicar mais do que a profissão que já me sustenta permite. Não posso contar com paitrocínio ou apoio financeiro de terceiros para começar do zero noutra área - e ainda que pudesse, não teria coragem, pois no fundo me sinto confortável no ponto em que me encontro no jornalismo, pagando minhas contas e fazendo as extravagâncias necessárias para manutenção do meu bem estar físico, emocional e espiritual. Estou vivendo um milagre inédito em minha trajetória: essa profissão voltou a me encantar de novo, depois de 9 anos no batente, até entediada com o que já tinha experimentado. Pasmem, me vejo fazendo isso até a aposentadoria! Por isso me pergunto: fazer um técnico de dois anos e meio, para ter uma segunda profissão que me permita fazer um pé de meia nas horas vagas e ajudar mais gente que consegui com o jornalismo, não seria usar um tiro de canhão para mantar um pardalzinho? Será que não é o caso de fazer cursos livres, como a adorável massagista vizinha da minha quase irmã de profissão, religião e paixão pela yoga que até vive disso? Tenho a sensação de que gastarei tanto tempo e $, mas não posso nem estudar quanto precisaria e nem cair na gandaia quanto gostaria. De repente o antigo fófis tem razão. Será que faço tudo ao mesmo tempo aqui e agora sem fazer nada direito? Diz meu amigo marqueteiro que as mulheres são simultâneas e os homens sequenciais, nosso profe de anatomia até explicou que biologicamente transitamos mais informações de um lado para outro do cérebro, pois nossa parte que liga um lado ao outro é maior - sou péssima para decorar os nomes dos nossos pedacinhos, confesso. Ó céus, ó vida, que faço de minhas horas vagas e dinheirinho? Estudo para ter uma segunda profissão mais significativa ou mantenho meu lado boêmio compulsivo que acaba de despertar, virando aborrescente aos quase 30?

Como não enlouquecer no trânsito

A minharevista de cabeceira, Vida Simples, já fez uma matéria sobre isso: como evitar que os congestionamentos nos enviem direto para o hospício sem escalas. E até há três semanas atrás não tinha o que acrescentar às dicas deles: ir ao banheiro antes de se meter no carro para não passar mal de vontade quando tudo empacar, manter barrinhas de cereal e água no veículo para que o estômago ou a boca seca não sejam um problema a mais etc etc. Mas há 15 dias tenho testado e comprovado a eficácia de um método que eles não indicavam, mas só vale para budistas e/ou simpatizantes. Há poucos meses me comprometi a acumular 200 mil mantras com o Odsal Ling, o centro budista que frequento e me salvou da minha tendência hereditária e profissional à revolta, frustração e decepção - sim, fazer o quê, meu pai só tinha defeitos para me enviar e no jornalismo mantemos o péssimo hábito da crítica engessada, que nada faz pela melhora. Quem me conhece sabe que seria uma meta impossível: como conciliar a recitação de tantos Om Ah Hung Vajra Guru Pema Sidi Hung com a yoga tibetana, o pilates na bola, as caminhadas, a ginástica aeróbica, a terapia, o técnico de shiatsu e acupuntura e o trabalho novo? Descobri uma saída e tanto para esse impasse: no trânsito e durante as horas de caminhadas semanais, vou recitando e contando com o mala, o terço budista. Outro dia meu pai disse que não dá para fazer isso, mas ora bolas, ele fuma, então também dirige com uma mão só. É bem verdade que dei uma ralada num motoqueiro na semana passada, mas já fiz coisa pior sem um mala na mão e um mantra na boca. Acho que se tiver que bater ou ralar, acontecerá com ou sem a recitação e na verdade cada vez mais acredito que ela me proteja. Já enrosquei o mala no voltante durante uma manobra. Mas tudo isso só me rendeu risadas mesmo. E a mente já não é a mesma. Posso ser xingada, provocada, ver gestos obscenos feitos com as mãos dos outros motoristas e NÃO SINTO VONTADE DE REVIDAR. Agradeço, mando beijo, me mantenho cada vez mais zen e menos descompensada. Não fófis, definitivamente não posso mais ser considerada a pessoa mais ansiosa que você já conheceu. Todos os estressados que encontro nem mesmo me abalam!! Ok, confesso que no dia em que um caminhão de gás tombou na Marginal e levei três horas do Ipiranga ao Brooklin, alternei estourar e respirar fundo várias vezes. Mas acho que mereço um desconto, afinal eu geralmente levo de 30 a 40 minutos e cheguei a terminar de ler Dalai Lama Fala de Jesus no Imundo Móvel, quero dizer, no meu Palio que já foi cinza... E nessa época, ainda não usava a recitação de mantras como antídoto... Valeu pessoal do Odsal, a coisa toda funciona mesmo e eu era o maior São Thomé do pedaço - sabe como é jornalista, cético feito sei lá o que... Estou começando a concordar com minha amiga praticamente irmã que esse blog precisa urgentemente mudar de nome, não combina mais comigo.